A Haptonomia é uma técnica pouquíssimo conhecida no Brasil. A palavra Hapto tem origem grega e siginifica “fazer contato tátil, eu me junto ao outro, eu estabeleço relação (por meio do toque) com o outro com a intenção de fazer um todo, de confirmar a outra pessoa em sua existência”. O termo haptonomia foi utilizado pelo holandês Frans Veldman, há cerca de trinta anos, para definir o que ele chama de Ciência da Afetividade, o conjunto de leis que regem o campo do nosso coração, nossos sentimentos. A base desta ciência é o princípio de que o ser humano tem o direito primordial de afirmação de sua existência e de confirmação da afetividade de seu ser desde o momento de sua concepção.
A Haptonomia não é uma técnica terapêutica restrita apenas à gestação, mas seu principal trabalho acontece durante a gestação e até dois anos após o nascimento do bebê. O acompanhamento haptonômico pré, peri e pós natal dos pais e do bebê promove o desenvolvimento de vínculos afetivos entre os pais e a criança e os ajuda a estabelecer uma comunicação amorosa com o bebê desde o período uterino. Esse contato precoce também ajuda a criar uma situação favorável para uma experiência positiva de nascimento e pós-parto para o bebê e seus pais. A relação afetiva estabelecida durante este acompanhamento, entre pai, mãe e a criança, promove o desenvolvimento do senso de paternidade e maternidade e da responsabilidade que os pais têm em relação à individualidade de seu filho enquanto ser humano. A haptonomia ajudará os pais a desenvolverem uma relação com a criança de forma a estimular seu desenvolvimento físico, psíquico e emocional, encorajando sua autonomia.
A comunicação com o bebê durante a gestação, nesta técnica, se dá por meio do toque. Não simplesmente um toque qualquer, mas um toque dirigido intencionalmente ao bebê, no ventre da mãe. A intenção do trabalho não é apenas preparar para o parto, mas preparar os pais para uma recepção afetiva do bebê. A cada encontro com o haptoterapeuta, os pais descobrem como interagir com o bebê através de um contato de toque afetivo-confirmativo, com uma intenção amorosa. Pai e mãe realizam toques de pressão leve sobre o abdômen da gestante, aguardando a resposta do bebê, sua movimentação. O profissional que os acompanha os estimulará a, através do pensamento e do posicionamento do toque, convidar amorosamente o bebê a realizar determinados movimentos e a observarem as respostas dos bebê. Conforme a sintonia entre os movimentos do bebê e os toques dos pais vai se aprofundando, o vínculo afetivo se torna mais forte, assim como a percepção da existência do bebê, de sua sensibilidade. Mais do que pensar no diálogo com o bebê neste momento, o que importa é sentir, é na sensação e no sentimento que a comunicação efetivamente se estabelece.
Esta é uma técnica que auxilia muito na integração da tríade pai-mãe-bebê, especialmente para o pai. Através do contato frequente com o bebê por meio dos toques e da comunicação estabelecida desta forma, o pai se sente mais incluído no processo de gestação. Para a mulher, todo este trabalho pré-natal será especialmente útil no momento do parto, pois a consciência da presença e movimentação do bebê se tornará mais aguçada.
O acompanhamento haptonômico, geralmente, tem início quando surgem os primeiros movimentos do bebê perceptíveis pela mãe, entre 18 e 20 semanas de gestação. No Brasil, há pouquíssimas pessoas com a formação nesta técnica. No exterior, especialmente na Holanda e França, é comum encontrar profissionais da enfermagem, obstetrícia, psicologia e medicina com esta formação, utilizando a técnica em seus consultórios e nas maternidades.
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