sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Relacionamento Pais - Bebê

Rosângele Monteiro Prado
Psicóloga Perinatal

     A Psicologia considera bebês as crianças na faixa etária que compreende dos zero aos três anos completos.
Essa fase é de suma importância no desenvolvimento da criança do ponto de vista emocional, pois é nesta etapa da vida onde são vividas as experiências mais intensas, correspondendo então à primeira fase fundamental para a constituição do ser humano.
   Mas é durante a gestação que a vida emocional do bebê tem suas primeiras experiências. Vários estudos científicos concluíram que há transmissão das emoções vividas pela mãe ao bebê através de substâncias químicas. Além disso, o bebê também expressa suas próprias reações quando estimulado ainda no ventre materno, conforme constatação de pesquisas utilizando o ultra-som.
   É com o nascimento que o bebê passa a ter uma vida pautada nas experiências físicas que então se intensificam. Não há uma vida corpórea sem uma vida de emoções.
   Mas como é a vida emocional dos bebês?
   Se considerarmos que o bebê experimenta o mundo através das sensações e funções físicas, como fome/saciedade, sono/vigília, dor/bem-estar, conforto/desconforto, então podemos concluir que ele passa a ter uma referência do mundo que o rodeia através dos pais, principalmente, e de seus cuidadores.
   Assim podemos entender como as relações pais/bebês devem ser consideradas como fundamentais para que o bebê tenha um desenvolvimento saudável e uma vida harmônica.
   Como em todo relacionamento, os laços afetivos que regem as relações pais-bebê interferem, e influenciam, em todas as partes dessa tríade. Há um ‘’fluxo’’ de afetividade que passa entre pai, mãe e bebê, num movimento ondular. Como o mar que invade a areia e deixa suas marcas por onde passa, para depois recolher-se trazendo consigo os vestígios e as impressões de onde esteve para então voltar novamente a areia e repetir o movimento, mas o movimento não será o mesmo, pois o mar conterá os elementos dos movimentos anteriores.
   Essa imagem nos traz a necessidade de considerarmos que o universo de relações que o bebê estabelece com a família (pai, mãe, irmãos, etc.) pode gerar uma demanda emocional que se evidencia através de sintomas físicos ou de sintomas comportamentais.
   Quais os sintomas que podem nos mostrar o sofrimento emocional do bebê, indicando que há necessidade de um cuidado especial?
- Doenças recorrentes
- Dificuldades freqüentes para dormir
- Dorme pouco ou muito
- O bebê não brinca
- O momento da alimentação é de difícil manejo 
- Isolamento
- Variações de temperatura sem diagnóstico
- Dificuldades em fixar o olhar
- Dificuldades de interação
- Sintomas depressivos
- Comportamentos estereotipados
- Crises no comportamento  

   Os pais também expressam que precisam de uma atenção especifica, já que eles também são tomados pelas emoções do relacionamento com seus bebês. Existem algumas situações especiais onde essa necessidade pode ser sentida, á notar:
- Depressão pós-parto 
- Patologias psíquicas de um dos pais
- Dificuldades ou negligência em oferecer cuidado ao bebê
- Gravidez não planejada conscientemente
- Dificuldades específicas de relacionamento com o bebê

   O cuidado especial a que fazemos referência é uma modalidade de acompanhamento terapêutico específico onde o foco do trabalho é a relação pais-bebê.
Objetivo: Assegurar condições favoráveis à boa maternagem/paternagem e ao desenvolvimento saudável do bebê. Em outras palavras buscamos dar acolhimento aos pais e ao bebê no que se refere ao universo de seus sentimentos, auxiliando o bom desenvolvimento das relações familiares.
Prevenção: Facilmente nos deparamos com notícias, documentários e pesquisas que tratam da vida em família e do comportamento de crianças e adolescentes. O acolhimento da relação pais-bebê tem um caráter preventivo já que oferece um cuidado a criança na primeira fase da infância, promovendo um suporte emocional á família que poderá auxiliar em demandas afetivas e comportamentais futuras.
Brevidade: Os bebês são muito permeáveis ao trabalho terapêutico, tornando-o mais breve. Quando os pais são incluídos no acompanhamento há uma característica ímpar que é a atenção integral, e a isso os bebês são significativamente sensíveis. Simetricamente os pais são também beneficiados pelo trabalho e por seus resultados, e as transformações ambientais brevemente são observadas.



    “O amor que chega do ventre
     Traz consigo uma luz.
Uma luz quando se acende
Transforma e conduz.
A dor é um amor
Que ainda não foi vivido,
Mas que está pronto        
Para ser parido.
É só chegar, se aninhar
    E ter cantigas de ninar.
    Colo, calor  e voz a sussurrar
    E os dias vão construindo
    Um caminho para amar. ’’



Que o mundo possa olhar a infância e seus pais, tutelares do seu caminho, como uma jóia a ser lapidada, amorosamente acolhida e trabalhada.
  

2 comentários:

  1. Olá Rosangele!

    Adorei seu blog, muito bom.
    Também estou me dedicando à área, o curso no Gerar foi muito esclarecedor.
    Dá uma olhada no meu site: www.maternarvida.com.br

    Parabéns e Sucesso.

    bj
    Elisangela

    ResponderExcluir
  2. Obrigada Elisângela!
    Ainda estou aprendendo a trabalhar com esta ferramenta... Adorei o seu blog tb!
    Abraço
    Sucesso pra vc tb!
    Rosângele

    ResponderExcluir