quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Promoção do vínculo afetivo entre mãe e filho (Dra. Ligia Collese Silva)



Alimentar o bebê não significa apenas dar-lhe comida, mas aproximar-se afetivamente dele, para que mãe e filho possam se deleitar com as repercussões físicas, mentais e emocionais que envolvem o momento da amamentação.

O papel do Pediatra no apoio e incentivo à amamentação é fundamental para seu sucesso. Naturalmente, a personalidade do pediatra e sua história de vida, entre muitos outros fatores, influenciam seus relacionamentos, assim como sua atuação como profissional. Desse modo, sua postura no atendimento aos seus pacientes tem como pano de fundo não apenas a formação acadêmica, mas também sua sensibilidade e sua conduta ética para com seus pacientes.
O aconselhamento em amamentação é mais do que uma consulta tradicional, pois permite que as mães sintam o interesse do profissional, que contribuirá para que adquiram confiança e passem a se sentir apoiadas e acolhidas. Faz parte desse aconselhamento:
  • Usar linguagem acessível e simples;
  • Fazer sugestões em vez de dar ordens;
  • Conversar com as mães sobre as suas condições biopsicossociais e  sobre seu relacionamento com o pai. Em muitos casos, as mães não contam com o amparo e convívio do pai. Sabemos que o stress e a tristeza interferem em muito na produção e no esvaziamento das mamas, podendo dificultar seu vínculo com o bebê.
É importante ressaltar que a prolactina é o hormônio responsável pela produção de leite e tem seus níveis regulados pelo estímulo da sucção do complexo mamilo – areolar, através da pega adequada e freqüência das mamadas. No entanto, a ocitocina é o hormônio responsável pela ejeção de leite, sendo influenciada por fatores emocionais maternos: aumenta em situações de autoconfiança e diminui em momentos de ansiedade e insegurança. Desse modo, é fundamental que o pediatra dê apoio, oriente e proponha soluções para as dificuldades.
A opção pelo aleitamento materno não é tão simples como parece, e a mãe precisa de apoio para prosseguir nessa decisão.  A opinião e o incentivo dos que a cercam, sobretudo do marido ou companheiro, assim como dos avós da criança, são de extrema importância. Os maridos, freqüentemente não sabem de que maneira podem apoiar suas esposas, normalmente por falta de informação. Após o nascimento de um filho, alguns sentimentos negativos comumente apresentados pelos pais poderiam ser evitados se estes estivessem cientes da importância de seu papel, que não se resume apenas no cuidado com o bebê, mas também no cuidado com a mãe.
A figura da avó é bastante presente na cultura brasileira, mesmo em populações urbanas. Elas costumam exercer grande influência sobre as mães, o que pode favorecer ou dificultar a amamentação. Muitas avós transmitem aos seus filhos ou noras suas experiências com amamentação, que em muitos casos, são contrárias as recomendações atuais das práticas alimentares infantis. O uso, por exemplo, de água, chá e outros leites nos primeiros 6 meses. Por isso é importante incluir os avós no aconselhamento em amamentação.
As sociedades científicas internacionais e nacionais (Sociedade Brasileira de Pediatria) recomendam que o leite de vaca integral (fórmula líquida ou em pó) não devem ser oferecidas para crianças abaixo de 1 ano de idade, pelo seu baixo conteúdo de ferro e excesso de proteína.
Na impossibilidade do aleitamento materno, oferecer no 1º ano de vida somente fórmulas infantis, que atendem às necessidades  nutricionais da criança nessa fase. É Importante lembrar que as crianças amamentadas, podem apresentar um crescimento inferior ao das crianças alimentadas com leite industrializado entre os 3 e 9 meses, no entanto, isso não representa desvantagem.
Amamentação não combina com stress. Tranqüilidade, cada vez mais escassa na vida moderna, continua sendo um importante fator para o sucesso da amamentação. Este é um processo de aprendizagem, tal qual andar e falar. Para seu sucesso, devemos atender a mãe e a criança repetidas vezes, o que exige verdadeiro empenho, paciência e capacidade de acolhimento do pediatra. Comumente a aflição advém da mãe, que tem o sentimento que o bebê tem uma rejeição à figura da mãe e não ao alimento.
Por fim, poder acompanhar mãe e filho na incrível jornada da vida é um grande diferencial do pediatra para a promoção da saúde física e emocional da dupla e da família. Não se deve esquecer que, diante da dificuldade com os filhos, as mães se sentem sempre culpadas e precisam do cuidado e do amparo profissional.
Com a ajuda do médico, aumentam as chances de adquirir desde cedo hábitos alimentares saudáveis, que repercutirão futuramente na saúde da população como um todo.
Ligia Collese Silva - Médica Pediatra e Hebiatra na UBS Parque Maria Helena em  São Paulo – Sub-Prefeitura do Campo Limpo.
Fonte: www.doctorkids.com.br

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