Um bebé traz novas responsabilidades e a vida não fica de todo mais fácil. Depois da excitação inicial do parto e da intensa sensação de ser pai vêm as noites sem dormir, as mudanças no estilo de vida, a incapacidade de amamentar, o sentir que ser pai é para sempre; tudo isto pode ser aterrador e um risco para desenvolver uma depressão pós-parto.
Como afecta o bebé
Estudos feitos recentemente revelam que especialmente os bebés do sexo masculino são os mais afectados por um pai com depressão pós-parto: evidenciando mais problemas comportamentais e emocionais nos primeiros anos de vida do que bebés do sexo feminino ou do que bebés que não tenham um pai com pós-depressão. O envolvimento de um pai com depressão pós-parto pode ser diferente do envolvimento de um pai que não sofra desta condição.
Sintomas da depressão
A mudança que o novo bebé traz ao dia-a-dia pode muitas vezes camuflar o que podem ser sintomas de depressão pós-parto. O pai sente a obrigação de fazer com que a recém-mãe se sinta bem e em recuperação, bem como ter a capacidade de lidar com as mudanças que um recém-nascido traz à sua vida.
O pai impõe a si próprio o padrão de ser um super-homem e um super marido. Ajustar-se à nova vida e assumir as responsabilidades de ter um filho(a) no mundo não é tarefa fácil para ninguém, quer seja homem ou mulher. No entanto, assumir medos e receios não é algo muito comum na cabeça dos homens, sendo fácil não notar os primeiros sinais da depressão pós-parto, pois a tendência natural de um homem é ignorar ou não dar importância a pensamentos ou sentimentos que podem revelar esta condição.
Um pai que luta para estabelecer um laço emocional com o seu recém-nascido sente-se também desligado da sua mulher e até da vida, seguindo-se a sensação de que não é “merecedor” de ser pai e procurando justificação para este tipo de sentimentos. Ao mesmo tempo, surge uma luta para suprimir todos os sentimentos negativos devido ao embaraço, medo e frustração que lhe provocam.
Qualquer pessoa que experiencie este tipo de sentimentos deve dirigir-se ao seu médico, pois em casos extremos podem surgir o suicídio ou mesmo a tentativa de homicídio. No entanto, é importante saber distinguir entre o cansaço devido à privação de sono e os sintomas de uma depressão pós-parto.
Os sintomas mais comuns são:
- Pensamentos obsessivos
- Dor no peito ou dificuldade em respirar
- Sentimentos de impotência ou de inadequação
- Incapacidade de se ligar emocionalmente ao bebé
- Incapacidade de manter os padrões de sono
- Pensamentos suicidas
Existem algumas circunstâncias que tornam um homem numa pessoa de maior risco de sofrer uma depressão pós-parto:
- Historial de depressão
- Um nível de stress diário muito elevado
- Trauma ou dificuldade durante a gravidez
- Problemas financeiros
- Falta de sono
- Mãe com depressão pós-parto
- Pouco ou nenhum apoio social
Procurar e encontrar ajuda
Isto é uma doença que tem cura e conseguir ultrapassar a depressão pós-parto é possível para um pai. Mais vale prevenir… já o ditado o diz. Se sentir que o seu parceiro pode estar a passar por uma depressão, é importante que o primeiro passo seja ajudá-lo a superar esta doença, levando-o a procurar ajuda. Conversar com o seu parceiro sobre o assunto de uma forma compreensiva e aberta, apoiando-o e encorajando-o a conversar com um médico é um excelente passo. Por vezes a justificação de um médico de que esta condição não é uma loucura - mas sim algo de comum e tratável -, é um grande passo para a cura. O apoio emocional da família, apoio psicológico e uma medicação apropriada é usualmente o melhor tratamento para superar esta condição.
Para ambos os pais evitarem uma depressão pós-parto
Para ambos os pais é importante aliviarem o stress que surge logo que o recém-nascido entra nas suas vidas. Para tal é boa ideia:
- Terem um plano financeiro e um orçamento preparado que comporte as despesas de um bebé.
- Mantenham os canais de comunicação abertos: partilhem um com o outro sentimentos, medos e anseios relativos a esta nova fase da vida.
- Criem formas de partilhar as obrigações; conversem e decidam por ex: o pai pode amamentar o bebé durante a noite com biberão, em vez de ser sempre a mãe a fazê-lo.
- Contratem uma ama ou peçam a um amigo que tome conta do bebé pelos menos uma vez por semana, saiam e vão divertir-se sozinhos; e nada de conversar sobre o bebé, apenas conversa de adultos!
- Façam exercício regularmente e tenham uma alimentação saudável.
- Conversem com um psicólogo ou psiquiatra nem que seja sobre os anseios que podem estar a sentir nesta fase conturbada.
FONTE: http://demaeparamae.pt/
(Áudio) Reportagem da CBN sobre Depressão Pós-Parto Masculina (19/05/2010)
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