Cuidando de crianças em creches
A creche tem um lugar relevante no desenvolvimento da subjetividade
(Flach, 2009).
Educar é subjetivar.
Subjetivar é ser parte na construção da criança como sujeito.
Ser parte nesta construção confere valor à “proteção
física, aconchego, afeto, comunicação, jeito de falar, entonação e ritmo
de
voz, etc.” que o educador emprega no contato com a criança (Moita, 1992).
Esses exemplos referem-se ao
exercício da função cuidadora do educador. A maneira como ele emprega a si
mesmo nas tarefas de cuidados, inscrevem-no no processo de subjetivação da
criança.
O cuidado produz marcas simbólicas, é um cuidado subjetivante (Flach,
2009).
A maternagem precisa ser realizada independentemente de ser com o
educador, cuidador, a mãe ou seu responsável; segundo Penot (1997) a falta de
estabelecimento do laço entre a criança e seu cuidador pode impedir a
constituição psíquica do sujeito (Flach, 2009).
Dependendo de como a criança foi cuidada, haverá uma influência na criação
dos seus modelos internos de representação, envolvendo a auto-estima, os
sentimentos de segurança e independência. Assim, a maneira como a criança é
tocada, a existência de contato visual direto com ela, a preocupação em
mantê-la segura e protegida, dizem respeito à função cuidadora do educador que influencia
profundamente a formação afetiva da criança.
Funções cuidadoras:
v
Cuidado,
proteção e segurança.
v
Capacidade
de conter a atividade física e emocional da criança, mais especialmente em
relação ao manejo da agressão.
v
Capacidade
de fornecer bem-estar corporal com experiências de prazer, como o banho.
v
Capacidade
de modular estímulos externos: barulho, luz, tranquilidade para dormir, etc.
v Capacidade
empática: identificar-se com a criança, colocando-se no lugar dela para poder
sentir o que ela precisa e acolher seus afetos positivos e negativos.
v
Capacidade
resiliente: poder conter e oferecer à criança o encorajamento à tolerância de
seus afetos negativos, como a frustração, a angústia e a raiva.
v
Capacidade
de aceitar a individualidade da criança de forma incondicional, mas também
poder estimulá-la em suas potencialidades rumo à superação de seus limites e
dificuldades.
v
Poder
nomear sentimentos e situações para despertar a consciência da criança (você
está com sono, está com raiva, está feliz...).
v Poder olhar
com positividade para as manifestações e comportamentos da criança (por
exemplo, dar significado ao gesto da criança em tocar o rosto do educador como
demonstração de carinho, curiosidade e não de agressão).
v Poder
oferecer e respeitar a rotina através da alimentação, sono, higiene e outros,
estabelecendo regras e limites pertinentes à sua idade e individualidade.
v Poder
respeitar e oferecer a ordem de papéis (adulto/criança, masculino/feminino, etc.).
A função cuidadora do educador, ou até
a maternagem em alguns casos, integra profissionalismo, responsabilidade,
comprometimento, características individuais, autodesenvolvimento,
autoeducação, dedicação e porque não dizer amor... amor ao que faz, amor às
crianças e à infância.
Rosângele Monteiro Prado
Texto integrante da Apostila do Treinamento Vivencial para Educadores Infantis da Pefeitura de Vinhedo (2010)
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