quinta-feira, 9 de setembro de 2010

 

Cuidando de crianças em creches 


     A creche tem um lugar relevante no desenvolvimento da subjetividade (Flach, 2009). 
     Educar é subjetivar.   
     Subjetivar é ser parte na construção da criança como sujeito.     
     Ser parte nesta construção confere valor à “proteção física, aconchego, afeto, comunicação, jeito de falar, entonação e ritmo
de voz, etc.” que o educador emprega no contato com a criança (Moita, 1992).      
    Esses exemplos referem-se ao exercício da função cuidadora do educador. A maneira como ele emprega a si mesmo nas tarefas de cuidados, inscrevem-no no processo de subjetivação da criança.
    O cuidado produz marcas simbólicas, é um cuidado subjetivante (Flach, 2009).
    A maternagem precisa ser realizada independentemente de ser com o educador, cuidador, a mãe ou seu responsável; segundo Penot (1997) a falta de estabelecimento do laço entre a criança e seu cuidador pode impedir a constituição psíquica do sujeito (Flach, 2009).
   Dependendo de como a criança foi cuidada, haverá uma influência na criação dos seus modelos internos de representação, envolvendo a auto-estima, os sentimentos de segurança e independência. Assim, a maneira como a criança é tocada, a existência de contato visual direto com ela, a preocupação em mantê-la segura e protegida, dizem respeito à função cuidadora do educador que influencia profundamente a formação afetiva da criança.

Funções cuidadoras:

v   Cuidado, proteção e segurança.
v   Capacidade de conter a atividade física e emocional da criança, mais especialmente em relação ao manejo da agressão.
v   Capacidade de fornecer bem-estar corporal com experiências de prazer, como o banho.
v   Capacidade de modular estímulos externos: barulho, luz, tranquilidade para dormir, etc.
v  Capacidade empática: identificar-se com a criança, colocando-se no lugar dela para poder sentir o que ela precisa e acolher seus afetos positivos e negativos.
v   Capacidade resiliente: poder conter e oferecer à criança o encorajamento à tolerância de seus afetos negativos, como a frustração, a angústia e a raiva. 
v   Capacidade de aceitar a individualidade da criança de forma incondicional, mas também poder estimulá-la em suas potencialidades rumo à superação de seus limites e dificuldades.
v   Poder nomear sentimentos e situações para despertar a consciência da criança (você está com sono, está com raiva, está feliz...).
v    Poder olhar com positividade para as manifestações e comportamentos da criança (por exemplo, dar significado ao gesto da criança em tocar o rosto do educador como demonstração de carinho, curiosidade e não de agressão).
v Poder oferecer e respeitar a rotina através da alimentação, sono, higiene e outros, estabelecendo regras e limites pertinentes à sua idade e individualidade.
v      Poder respeitar e oferecer a ordem de papéis (adulto/criança, masculino/feminino, etc.).

A função cuidadora do educador, ou até a maternagem em alguns casos, integra profissionalismo, responsabilidade, comprometimento, características individuais, autodesenvolvimento, autoeducação, dedicação e porque não dizer amor... amor ao que faz, amor às crianças e à infância.


Rosângele Monteiro Prado

Texto integrante da Apostila do Treinamento Vivencial para Educadores Infantis da Pefeitura de Vinhedo (2010)





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