quarta-feira, 8 de maio de 2013

Vínculo afetivo entre pais e filhos: como ele acontece.


                                      

Vínculo é a condição que humaniza o ser humano, e este se instala psiquicamente através do vínculo. Isso quer dizer que sem vínculo não nos tornamos um ser de relações e afetivo.
O vínculo é a ligação que fundamenta a relação entre pais e filhos; os pais tornam-se referências para os filhos, pois dão sentido à sua existência, legitimam e atendem suas demandas físicas e emocionais e o resultado é o estabelecimento da confiança e da segurança.
É através do vínculo que o ser humano acredita que pode confiar na vida, nas pessoas e ter sobre “as faltas” uma convicção de que elas podem ser superadas, preenchidas.
Quando o bebê nasce, ele passa a viver esse componente da falta, já que no útero materno tem condições de vida que o mantém plenamente atendido. Depois do nascimento entra em contato com o desconforto da dor da fome, do frio, do barulho, entre outros. Na medida em que as figuras de referência o atendem nestas condições adversas, elas se vinculam ao bebê e este, então, vai construindo uma relação baseada na confiança e na segurança.
Esse processo se desenvolve durante os três primeiros anos de vida, mas é no primeiro ano que há a sua fundamentação; sua construção ocorre diante da afetividade, da estabilidade, da durabilidade e da honestidade (verdade).

É a partir deste princípio que orientamos os pais, ou cuidadores, sobre a importância dos cuidados com o bebê.
O vínculo vai tornando-se possível através do cuidado que circula na relação entre pais e bebês e como, com que qualidade, o bebê é contido em suas necessidades individuais.
Há um preparo biológico para o vínculo. Por um lado a mãe é equipada de hormônios para ser sensível às demandas do bebê, e por outro lado o bebê tem, através dos seus sentidos, uma condição que o dispõe ao apego.
Afetivamente o vínculo é alimentado pela atenção, reciprocidade e cumplicidade entre os pais/cuidadores e o bebê.
As dificuldades relativas aos processos de vinculação estão relacionadas às condições afetivas de cada um dos lados desta relação, tanto por parte dos pais quanto por parte do bebê.
As características de cada um, a história de cada um, a experiência vincular de cada um dos pais, a relação conjugal, as dificuldades profissionais e a história do desejo por esse filho além das condições do parto, atravessam e influenciam o vínculo; são os indicadores de risco.
Estes indicadores apenas fazem referências ao vínculo possível, apontando para um entendimento das condições que podem caracterizar o vínculo daqueles pais com aquele bebê, é a história de cada núcleo familiar.
Assim, podemos entender que há uma construção, trabalhosa e silenciosa, dos afetos dentro da família.
O amor é construído, não necessariamente nos apaixonamos por nossos filhos instantaneamente, assim que o encontramos fora do ventre.
Essa teia afetiva e amorosa, às vezes angustiante e amedrontadora, é confeccionada pouco a pouco, na medida da possibilidade de cada um, única e intransferível.
Abraço fraterno!




Rosângele Monteiro - Psicóloga Perinatal

Psicóloga licenciada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (1994). Atendimento à gestante (Puccamp). Terapia Sistêmica Familiar. Formação em Psicologia Perinatal pelo Instituto Gerar (SP). Curso de Aprimoramento “Educadores de Crianças de 0 a 3 anos”.
Trabalha com grupos de gestantes, pré-natal psicológico e acompanhamento no pós-parto. Desenvolve os Programas: "Cuidados Mãe-Bebê-Família" e "Mães Profissionais" na Clínica Essencial em Valinhos/SP.
Orientadora de pais. Consultora em Educação Infantil e idealizadora do "Projeto Cuidando de quem cuida" para educadores infantis.

E-mail para contato: rosangelemonteiro@hotmail.com
Telefones: (19) 3871 0323 e (19) 9332 7175
Site: www.rosangeleprado.blogspot.com

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