A ansiedade dos oito meses.
24 de abril de 2013
Por volta dos oito meses, o bebê vive uma espécie de crise.
Nesta fase, o bebê insere-se em uma nova etapa do desenvolvimento marcada por uma mudança intensa em sua personalidade e seu comportamento. É a chamada ansiedade dos oito meses.Provavelmente a mãe percebe a mudança, mas não tem a compreensão da dinâmica emocional que está por trás dela.O que acontece com os bebês neste momento de crise, trazendo mudanças comportamentais significativas, inclusive para a relação entre ele, a mãe e as demais pessoas?
Quando o bebê nasce não tem possibilidades de atribuir à mãe um “significado personificado”, quer dizer que o bebê não sabe que suas necessidades são atendidas por uma pessoa, e mais, que aquela pessoa é a mãe. É preciso que haja um processo permanente de cuidados e atendimento às demandas do bebê para que ele amadureça e possa perceber, e distinguir, que existe alguém provendo suas necessidades.
No início o bebê estabelece uma relação sensorial com o mundo, ainda não construiu relações afetivas, com significados. Aos poucos ele e a mãe constroem uma relação afetiva, baseada na segurança e confiança. Então, ao sentir o desconforto da fome, por exemplo, o bebê é saciado e o desprazer trazido pela sensação física da fome desaparece; a mãe passa a ser esse objeto permanente de provimento e afetividade.
Assim, ele distingue o rosto da mãe e lhe atribui um significado e um lugar único entre as demais pessoas. Esse processo se estabelece durante os primeiros três meses de vida do bebê. Processos relacionados à memória e à afetividade conferem à mãe um atributo especial, o vínculo.
Dado o estabelecimento deste processo, é natural que o bebê rejeite algum contato com pessoas estranhas. É isso que ocorre por volta dos oito meses, o bebê sente-se inseguro no contato com outras pessoas, pois não estão igualmente vinculados como está com a mãe ou, agora, com outras pessoas do seu convívio.
Ele já não sorri prontamente quando um estranho se aproxima. As mais variadas formas de demonstração de ansiedade e apreensão são demonstradas; o bebê pode chorar, gritar ou querer se esconder. A recusa ao contato com o estranho é o comportamento característico desta fase, há uma rejeição carregada de alguma forma de ansiedade. É uma reação natural onde a criança responde à ausência da mãe com desprazer, é como ela sentir-se deixada pela mãe. Há um sentimento de frustração diante do seu desejo de ter a mãe.
Em termos de desenvolvimento, apesar das mudanças comportamentais, esta fase indica que a criança pode manifestar suas necessidades. E isso é muito bom!
A importância de compreender a ansiedade dos oito meses está no fato dos adultos poderem dar continência aos sentimentos do bebê. Oferecer segurança e não abandoná-lo diante de suas angústias, confere ao bebê a possibilidade de ultrapassar essa fase rumo ao seu desenvolvimento.
Abraço...
Rosângele Monteiro - Psicóloga Perinatal
Psicóloga licenciada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (1994). Atendimento à gestante (Puccamp). Terapia Sistêmica Familiar. Formação em Psicologia Perinatal pelo Instituto Gerar (SP). Curso de Aprimoramento “Educadores de Crianças de 0 a 3 anos”.
Trabalha com grupos de gestantes, pré-natal psicológico e acompanhamento no pós-parto. Desenvolve os Programas: "Cuidados Mãe-Bebê-Família" e "Mães Profissionais" na Clínica Essencial em Valinhos/SP.
Orientadora de pais. Consultora em Educação Infantil e idealizadora do "Projeto Cuidando de quem cuida" para educadores infantis.
E-mail para contato: rosangelemonteiro@hotmail.com
Telefones: (19) 3871 0323 e (19) 9332 7175
Site: www.rosangeleprado.blogspot.com
A cólica do bebê
01 de abril de 2013
As cólicas do bebê geram muita angústia nos pais por não saberem como lidar com elas. O sentimento de impotência dos pais faz com que eles pensem que têm que fazer alguma coisa, e se o bebê não se acalma, sentem-se culpados.
A maioria dos bebês apresentam as cólicas, geralmente surgem no final do primeiro mês e ainda no primeiro trimestre tendem a desaparecer em função da aquisição de certo grau de amadurecimento físico do bebê e da adaptação realizada pelo ambiente, que se torna menos tenso.
Causas:
· Gases: a digestão ainda é difícil e passa por um processo de amadurecimento.
· Ar ingerido: por uma pega incorreta durante a amamentação. Bebês mais ávidos precisam da atenção da mãe para uma pega que não favoreça a ingestão de ar.
· Ambiente tenso/mãe ansiosa e tensa: favorece a agitação do bebê.
· Bebê agitado e ansioso: tem mais espasmos no estômago e contrações musculares, o que dificulta ainda mais a digestão, facilitando a formação de gases.
· Excesso de estímulos: bebês sentem-se irritados diante de muitos estímulos, e a nova condição de pós-parto já desencadeia uma importante alteração ambiental.
Como lidar:
· Buscar interromper o ciclo tensão-espasmo-cólica.
· Olhar e acolher o temperamento do bebê: bebês mais agitados têm maior dificuldade em serem consolados, acalmados.
· Paciência e calma: os pais costumam ficar muito cansados diante das cólicas, pois há uma demanda de continência muito grande do bebê. Os pais podem buscar alternar os “plantões” diante das crises de cólica, pedir ajuda da sua rede de apoio (amigas, avós, etc.) e ter consciência de que é uma fase, e de que eles e o bebê precisam estar pacientemente conectados para enfrentarem, juntos, os episódios das cólicas.
· Preparação é fundamental: pais que são cuidados têm melhores condições de cuidar; é comum que os bebês apresentem os episódios de cólica em um determinado período do dia, muitas vezes ocorrem no final da tarde para o início da noite. Os pais podem se organizar de modo a ficarem preparados para o momento da cólica: estarem alimentados, de banho tomado (auxilia no relaxamento), cuidarem para que o ambiente fique mais silencioso e fisicamente mais organizado, inclusive para que eles, os pais, sintam-se mais calmos.
· Cuidar para que o bebê não esteja super estimulado com sons, luzes, mudanças de ambiente, temperatura e na rotina de sono.
· Aninhar o bebê aquecê-lo, massageá-lo, mantê-lo próximo do corpo dos pais, conter com tranquilidade os espasmos, oferecer o peito... manter o olhar no bebê senti-lo.
As “técnicas” para acalmar um bebê em cólicas são paliativas, pois não há soluções ou remédios que deem conta da situação efetivamente, o que não pode faltar para pais e bebês é conexão e calma!
Abraços fraternos!
Até a próxima!!
Rosângele Monteiro - Psicóloga Perinatal
Psicóloga licenciada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (1994). Atendimento à gestante (Puccamp). Terapia Sistêmica Familiar. Formação em Psicologia Perinatal pelo Instituto Gerar (SP). Curso de Aprimoramento “Educadores de Crianças de 0 a 3 anos”.
Trabalha com grupos de gestantes, pré-natal psicológico e acompanhamento no pós-parto. Desenvolve os Programas: "Cuidados Mãe-Bebê-Família" e "Mães Profissionais" na Clínica Essencial em Valinhos/SP.
Orientadora de pais. Consultora em Educação Infantil e idealizadora do "Projeto Cuidando de quem cuida" para educadores infantis.
Telefones: (19) 3871 0323 e (19) 9332 7175
Site: www.rosangeleprado.blogspot.com
http://www.tudodebebecampinas.com.br/2013/03/a-colica-do-bebe.html
De onde vem a Depressão Pós-Parto?
A Depressão Pós-Parto (DPP) é uma manifestação psíquica cada vez mais frequente, e tem sido mais bem compreendida não apenas pelos profissionais que cuidam da díade mãe-bebê, mas pela população em geral.
Cerca de 10% das mulheres desenvolvem a DPP; ela pode manifestar-se durante o primeiro ano após o parto.
Mas o que está por trás da DPP?
Quando uma mulher desenvolve a DPP não quer dizer que ela seja uma mulher fraca ou que esteja com “frescuras”. Há todo um contexto, o que podemos chamar de fatores de risco, que traz um sentido para o desenvolvimento da DPP na vida daquela mulher.
CRISE: O puerpério, que corresponde ao período logo após o parto, é propenso a crises devido às mudanças físicas e emocionais vivenciadas pela mulher desde a gestação. Crise é uma experiência de mudança intensa, e não necessariamente uma mudança ruim.
LUTO: Experiência de elaboração diante da “perda” da vida anterior ao parto, “perda” do bebê em seu ventre e “perda” da condição de gestante.
HISTÓRICO DE VIDA PESSOAL E FAMILIAR: Existência de episódios depressivos em outras fases da vida; história de relacionamentos e vínculos afetivos. Dificuldades na relação com a figura materna.
PERSONALIDADE: O sentido dado às experiências é pessoal, único. Vivências inconscientes.
REGRESSÃO: Há um estado regressivo, infantilizado, comum nesta fase, a mulher “regride” a fases anteriores, até para identificar-se com o bebê e poder atendê-lo.
MUDANÇAS BIOQUÍMICAS: Logo após o parto há uma intensa descarga de hormônios.
AMBIENTE: Quando é pouco continente às experiências da mulher, desvalorizando seus sentimentos. Ambiente crítico e hostil.
FALTA DE REDE E APOIO: Não ter uma rede de pessoas, ou estrutura, que dê à mãe condições favoráveis à maternagem.
DEMANDAS DO BEBÊ: Imersa nos intensos cuidados com o bebê a mulher pode ter uma sensação de não conseguir recuperar sua vida pessoal, sua identidade. E ainda a própria relação mãe-bebê, o comportamento do bebê e seu desenvolvimento.
CRISES CONJUGAIS: Sentimento de solidão, incompreensão e falta de apoio do companheiro ou pai, fundamental nesta fase.
CULPA: Por sentir tristeza, insatisfação e dificuldade após o parto.
MEDO: A mulher teme não conseguir assumir as responsabilidades de mãe, a função materna. Teme não dar conta do novo papel. Teme a volta ao trabalho e ter que deixar o bebê aos cuidados de terceiros.
Como vemos, são muitos os “motivos” que podem levar uma mulher a desenvolver a DPP, todos precisam ser olhados, respeitados e cuidados.
Abraço e até a próxima!
Rosângele Monteiro - Psicóloga Perinatal
Psicóloga licenciada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (1994). Atendimento à gestante (Puccamp). Terapia Sistêmica Familiar. Formação em Psicologia Perinatal pelo Instituto Gerar (SP). Curso de Aprimoramento “Educadores de Crianças de 0 a 3 anos”.
Trabalha com grupos de gestantes, pré-natal psicológico e acompanhamento no pós-parto. Desenvolve os Programas: "Cuidados Mãe-Bebê-Família" e "Mães Profissionais" na Clínica Essencial em Valinhos/SP.
Orientadora de pais. Consultora em Educação Infantil e idealizadora do "Projeto Cuidando de quem cuida" para educadores infantis.
E-mail para contato: rosangelemonteiro@hotmail.com
Telefones: (19) 3871 0323 e (19) 9332 7175
28 de fevereiro de 2013
Olá!
Este é meu primeiro post como colunista, e pensei em trazer um tema que considero ser muito importante para a formação e estabelecimento da família, especialmente porque traz uma consciência acerca dos papéis parentais.
Quando uma família fica diante da notícia de que vai receber um filho, inicia-se um processo gradativo, mas intenso, de mudança e reposicionamento familiar.
A mãe passa a vivenciar mudanças físicas e emocionais que trazem a confirmação: “sim, estou grávida, vou ser mãe!”. Aos poucos, a mãe sente a maternidade se materializando no corpo e na alma. Assim, ela vai se preparando, cuidando das demandas que a maternidade traz dentro do que é possível para ela, no seu tempo... É o seu processo, único!
O pai não experimenta mudanças físicas como a mãe, pode, ao se identificar com a mulher, viver algumas mudanças no seu corpo, mas o trabalho físico da mãe é só dela, individual.
O pai então aparece como apoiador, esse é o papel que o pai precisa assumir desde então. Ele não sente os enjoos, por exemplo, mas pode prover meios da mulher ter seus sintomas aliviados acolhendo e oferecendo sustentação à sua experiência.
A mãe vive um trabalho interno muito intenso que convida a uma experiência de acomodação, de recepção e de cuidado do bebê.
O homem pode buscar meios de entender e acolher o que está acontecendo no mundo interno da família, mas a ele cabe o trabalho externo de apoio e provimento, físico e emocional.
Esta tarefa do homem não é fácil, às vezes ele busca compreender e atender ás demandas advindas da maternidade, mas ele não sabe muito bem como fazer isso, pois o processo não é dele, e não entende muito bem como ajudar. O pai não pode viver as experiências maternas, mas pode e deve apoiar...
É neste dilema fundamental da família que a mulher precisa cuidar de dar espaço e legitimar a presença e o papel do pai...
É provável que ele não dê exatamente o que ela espera, pois as expectativas são projeções que colocamos em nossos relacionamentos. Ela precisa ser clara em suas necessidades e falar de suas expectativas para dar a possibilidade de tê-las assistidas, ou não...
O pai é aquele que sustenta emocionalmente a mãe para que ela viva a maternidade, desde a gestação, o pós-parto e as fases iniciais da vida com filhos. Um pouco mais além, o pai vai assumir o seu protagonismo, é outra fase, e a mãe precisa dar passagem.
Há um tempo de protagonismo da mãe, e há outro de protagonismo do pai.A mulher constrói a maternidade durante a gestação a partir das experiências vividas no corpo, que repercutem em uma construção emocional. O homem torna-se pai quando toma o filho nos braços, materializando a paternidade.
Quando o casal torna-se pai e mãe, é fundamental que olhe para os novos papéis: além da parceria como casal, agora são parceiros na tarefa de receber, acolher e cuidar dos filhos.
Essa mudança precisa ser cuidada, refletida, conversada entre o casal.
Trata-se de um alinhamento muito importante, cujos benefícios serão percebidos na vida emocional dos filhos e do casal, que precisa se manter como casal para assumir os papéis parentais.
O núcleo da família está no casal, é dali que tudo parte.
Abraço fraterno e até a próxima!
Rosângele Monteiro
Psicóloga Perinatal
Gestantes, Mãe-Bebê-Família
Adolescentes, Casais e Famílias
Olá!
Este é meu primeiro post como colunista, e pensei em trazer um tema que considero ser muito importante para a formação e estabelecimento da família, especialmente porque traz uma consciência acerca dos papéis parentais.
Quando uma família fica diante da notícia de que vai receber um filho, inicia-se um processo gradativo, mas intenso, de mudança e reposicionamento familiar.
A mãe passa a vivenciar mudanças físicas e emocionais que trazem a confirmação: “sim, estou grávida, vou ser mãe!”. Aos poucos, a mãe sente a maternidade se materializando no corpo e na alma. Assim, ela vai se preparando, cuidando das demandas que a maternidade traz dentro do que é possível para ela, no seu tempo... É o seu processo, único!
O pai não experimenta mudanças físicas como a mãe, pode, ao se identificar com a mulher, viver algumas mudanças no seu corpo, mas o trabalho físico da mãe é só dela, individual.
O pai então aparece como apoiador, esse é o papel que o pai precisa assumir desde então. Ele não sente os enjoos, por exemplo, mas pode prover meios da mulher ter seus sintomas aliviados acolhendo e oferecendo sustentação à sua experiência.
A mãe vive um trabalho interno muito intenso que convida a uma experiência de acomodação, de recepção e de cuidado do bebê.
O homem pode buscar meios de entender e acolher o que está acontecendo no mundo interno da família, mas a ele cabe o trabalho externo de apoio e provimento, físico e emocional.
Esta tarefa do homem não é fácil, às vezes ele busca compreender e atender ás demandas advindas da maternidade, mas ele não sabe muito bem como fazer isso, pois o processo não é dele, e não entende muito bem como ajudar. O pai não pode viver as experiências maternas, mas pode e deve apoiar...
É neste dilema fundamental da família que a mulher precisa cuidar de dar espaço e legitimar a presença e o papel do pai...
É provável que ele não dê exatamente o que ela espera, pois as expectativas são projeções que colocamos em nossos relacionamentos. Ela precisa ser clara em suas necessidades e falar de suas expectativas para dar a possibilidade de tê-las assistidas, ou não...
O pai é aquele que sustenta emocionalmente a mãe para que ela viva a maternidade, desde a gestação, o pós-parto e as fases iniciais da vida com filhos. Um pouco mais além, o pai vai assumir o seu protagonismo, é outra fase, e a mãe precisa dar passagem.
Há um tempo de protagonismo da mãe, e há outro de protagonismo do pai.A mulher constrói a maternidade durante a gestação a partir das experiências vividas no corpo, que repercutem em uma construção emocional. O homem torna-se pai quando toma o filho nos braços, materializando a paternidade.
Quando o casal torna-se pai e mãe, é fundamental que olhe para os novos papéis: além da parceria como casal, agora são parceiros na tarefa de receber, acolher e cuidar dos filhos.
Essa mudança precisa ser cuidada, refletida, conversada entre o casal.
Trata-se de um alinhamento muito importante, cujos benefícios serão percebidos na vida emocional dos filhos e do casal, que precisa se manter como casal para assumir os papéis parentais.
O núcleo da família está no casal, é dali que tudo parte.
Abraço fraterno e até a próxima!
Rosângele Monteiro
Psicóloga Perinatal
Gestantes, Mãe-Bebê-Família
Adolescentes, Casais e Famílias
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