sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Agência Senado - 17/11/2010 - Especialistas destacam necessidade do cuidado psicológico na primeira infância

17/11/2010 - 15h54
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Em audiência pública realizada nesta quarta-feira (17) pelas comissões de Educação, Cultura e Esporte (CE) e de Assuntos Sociais (CAS), especialistas destacaram a importância do atendimento psicológico durante a gestação e período neonatal. Na França, esse tipo de atendimento recebe apoio do Estado e as políticas públicas priorizam a o período perinatal (logo antes e logo depois do nascimento), bem como a adolescência, informou Bernard Golse, chefe do Serviço de Psiquiatria Infantil Hospital Necker-Enfants Malades, de Paris, na França.
Em sua avaliação, o desenvolvimento da saúde mental das crianças depende da preparação dos pais e das pessoas que cuidam do bebê. As funções a serem desenvolvidas pela criança no futuro, disse o especialista, começam a ser formadas início da vida do bebê. Portanto, o papel dos pais durante a gestação e primeira infância pode determinar a saúde mental do futuro adulto.
Também professor do Instituto de Psicologia da Universidade Paris, Sylvain
 Mossonier ressaltou que a primeira fase da vida repercutirá em todas as demais
etapas da vida do ser humano. Ele disse que o governo e os políticos franceses
 liberam recursos públicos para investimento na psicologia perinatal porque estão convencidos que o trabalho realizado nessa fase da vida tem melhor resultado
 para o futuro da pessoa.
- Ao falar da biografia de uma pessoa, deve-se incluir o período pré-natal, ressaltou Mossonier.
Antes da Segunda Guerra, observou Mossonier, a Psicologia e a Psiquiatria
 enfocavam o desenvolvimento dos adultos. No período pós-guerra, explicou,
começou a haver interesse pelas questões relacionadas à infância e adolescência
e só muito recentemente que os bebês receberam atenção dessa área da ciência.
Mossonier sugeriu, em sua apresentação, a realização de trabalho psicológico
pré-natal como forma complementar ao cuidado médico e a assistência social.
Ele se refere a esse cuidado como prevenção primária, já que atua na causa dos problemas antes mesmo de que apareçam. Há também, informou o pesquisador,
a prevenção secundária, quando há ação após o surgimento do problema, como,
 por exemplo, a gravidez na adolescência ou depressão pós-parto. Para ele,
a prevenção deve acontecer por meio de atividades permanentes e com a
integração entre os profissionais das diversas áreas envolvidas com o cuidado
ao bebê.
Toque
A professora emérita da Universidade de Wolverhampton, na Inglaterra, Elvidina
Nabuco Adamson-Macedo, destacou a importância do toque para o desenvolvimento
 do bebê, especialmente dos nascidos prematuramente. Ela apresentou o programa terapêutico de "nutrição sensorial", que contribui para o melhor desenvolvimento
 dos bebês.
O programa terapêutico TAC-TIC (Touching and Caressing - Tender in Caring), uma abordagem que enfatiza a nutrição sensorial por meio de carícia aplicada em
prematuros durante a hospitalização, disse Elvidina, mostrou melhor
desenvolvimento desses bebês. O sistema conta com a participação dos pais e
utiliza suavidade, leveza, ritmo, equilíbrio e continuidade como princípios,
explicou.
Ela disse que ainda há, em todo o mundo, muitas Unidades de Tratamento
Intensivo de recém-nascidos - as UTI's neonatais - com muito barulho e alta
luminosidade e ainda não permite o toque dos pais ao bebê. Em sua avaliação,
 o bebê prematuro teve interrompida a relação com a mãe e o toque contribui
 para ajudá-lo na recuperação.
Elvidina destacou o pouco investimento do estado brasileiro em pesquisa sobre
o tema e atendimento psicológico a essa primeira fase da vida. Ela ainda
observou que não há muitos psicólogos trabalhando na perinatalidade.
Audiência pública foi realizada dentro da programação da semana de
valorização da primeira infância e cultura da paz, organizada pelo Senado
Federal, que acontecerá até a próxima sexta-feira (19).
Iara Farias Borges / Agência Senado
(Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)













































Um comentário:

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    Vamos mantendo contato, trocando informações etc.
    Abraços
    Rafaela.

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