quarta-feira, 11 de junho de 2014

A importância da rede de apoio à maternidade, à paternidade e à família


Durante a gestação cada mulher desenvolve de maneira genuína, um processo de construção da maternidade, e do novo papel que estreará, mesmo que ela já seja mãe, pois há outra “carta inaugural” a ela destinada.
Tanto física quanto emocionalmente, a presença do filho vai se constituindo em um processo único e singular a cada nova gestação.
Mudanças físicas, emocionais e sociais batem à porta da família, e em especial da mulher, trazendo questionamentos e reflexões legítimas, nunca pensadas ou percebidas como importantes.
Diante dessas demandas, tem sido cada vez mais comum a busca por uma preparação para a maternidade, paternidade e para o parto. São propostas distintas, mas complementares, na medida em que seus objetivos visam oferecer um espaço de informação, troca e partilha acerca das vivências trazidas pela maternidade, desde a gestação, passando pelo parto e culminado no pós-parto.
O pós-parto é o momento em que a mulher e a família se deparam com a realidade que materializa o bebê e a experiência da maternidade e da paternidade reais, podendo trazer à tona aspectos com os quais, tanto a mãe quanto o pai, não puderam prever ou imaginar.
O bebê real, a família real e a mãe e o pai reais podem ser muito diferentes da idealização construída durante a gestação. Há um bebê que chora, uma mãe que está em processo de fusão emocional com este bebê, um pai que está buscando o seu lugar nesta nova configuração familiar e, às vezes, há outros filhos que estão digerindo a presença de um novo membro na família.
Conceitos e ideais não se confirmam diante das vivências trazidas pela real maternidade. Medos, angústias e dúvidas fazem parte da rotina materna, especialmente no pós-parto. Mesmo a mãe que tenha planejado a gravidez e esteja feliz com a maternidade, pode sentir tristeza e até uma vontade, ainda que eventual, de reaver a vida anterior ao nascimento do filho.
Essa também é a verdadeira, e legítima, parte que a maternidade real coloca na vida de mulheres, homens e famílias. Há uma parte que pode ser bela e realizadora, e há outra parte sombria e angustiante.
Novas dinâmicas nos relacionamentos, novas demandas físicas e emocionais da mulher-mãe, a experiência de ter um bebê em desenvolvimento intenso, além de várias outras adaptações postas pelas vivências do pós-parto, são desafiadoras e precisam de continência e orientação.
As mulheres da atualidade vivenciam a maternidade de maneira solitária e muitas vezes, isolada. No momento em que mais precisam de apoio, elas sentem-se sozinhas e abandonadas em suas avassaladoras experiências.
Há uma condição, característica do pós-parto, que é a fusão emocional mãe-bebê que, ao mesmo tempo evidencia novas demandas, também oferece as possibilidades desta mãe sentir seu bebê, e suas necessidades, tanto físicas quanto afetivas, e atendê-las.
Neste estado fusional, tanto mãe como bebê, compartilham do mesmo campo emocional, onde as emoções de um pertencem ao outro. Esta fusão coloca a mãe em uma experiência emocional diferenciada, sensível e muitas vezes angustiante.
A rede de apoio à maternidade, e à paternidade, é de fundamental importância nesta fase. Poder contar com uma rede protetiva, que possa promover a consciência necessária, o acolhimento e a informação, são de um valor ímpar!
Muitos podem fazer parte desta rede de apoio, tanto familiares, com ênfase especial ao pai/companheiro, como amigas, vizinhas e profissionais que compõem a assistência materno-infantil, para que a díade mãe-bebê seja apoiada neste momento delicado e complexo.
Uma amiga que leve um alimento, uma vizinha que ajude com a casa, um companheiro que possa compreender que a mulher-mãe está menos disponível neste momento, uma mãe que possa estar empaticamente vinculada à filha que acabou de parir, estas ações e posturas são favorecedoras de uma boa maternagem!
Também é muito importante que a mãe busque sair da sua possível solidão, e procure estar com outras mães, procure ajuda profissional e a sua rede de apoio.
Uma rede de apoio que auxilie a maternidade e a paternidade pode se revelar como promotora de saúde física e emocional na vida da nova família que acabou de nascer!


Rosângele Monteiro
Psicóloga Perinatal
Terapeuta Sistêmica Familiar Integrativa

Artigo publicado para edição 16 ano VIII do Guia Bebê
Sob o título: "Como funciona a rede de apoio à maternidade
Junho/2014

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