O pós-parto é um período onde há intensas mudanças
emocionais na vida da mulher/mãe. Além das alterações físicas e hormonais,
vividas desde a gestação, o pós-parto traduz-se em uma fase de grande
sensibilidade.
Caracteriza-se por um período onde ocorre uma fusão
emocional entre a mãe e o bebê. É um estado onde há um campo emocional
compartilhado entre os dois.
Esta é a condição que possibilita à mãe uma ligação
profunda e sensível com o seu bebê, suas demandas e características, e que a
torna mais permeável à possibilidade de decifrar o bebê.
Estar fusionado emocionalmente significa estabelecer uma
conexão onde a mãe se torna a “mãe-bebê” e o bebê se torna o “bebê-mãe”. As
emoções de ambos circulam livremente entre eles, aonde aquilo que parte das
necessidades emocionais do bebê chega ao campo emocional da mãe, e vice-versa.
O que é de um deles passa a ser do outro.
Assim, além dos pedidos emocionais de cada um, circulam
neste campo as angústias, os medos, as inseguranças, as alegrias, as
conquistas, a excitação e a ansiedade.
O bebê está vivendo um período de intensa adaptação ao
mundo externo, que é muito diferente daquele a que estava acostumado no útero
materno. Agora ele está fisicamente separado e precisa funcionar de modo
independente do corpo da mãe. Há um tempo de construção onde será constituído o
ser, mas por hora o bebê é um com o outro.
A mãe vive, ao mesmo tempo, um período onde há um
sentimento de perda de identidade e de estar “enlouquecida” por perder as
referências anteriores. Frente às
intensas mudanças, a mãe precisa, aos poucos, construir o novo papel, com novas
referências.
Com a fusão emocional vem a possibilidade do contato
com a sombra materna, aqueles aspectos da vida emocional com os quais a mãe não
pode lidar, por suas questões pessoais, e que agora podem ser sentidos, vistos,
reconhecidos e servirem de caminho para o seu autodesenvolvimento.
Como mãe e bebê partilham do mesmo campo emocional, ele
também entra em contato com a sombra da mãe, e a sente como sendo sua também.
Expressa em si mesmo, em seu corpo, as emoções da mãe. Quando um bebê chora
angustiadamente, não podemos afirmar se chora por ele ou por uma condição
emocional da mãe.
O período da fusão emocional entre mãe-bebê dura em
torno de nove meses, onde parece acontecer uma outra gestação, a gestação de
uma nova identidade materna e de um bebê cada vez mais autônomo. Mas esse
processo está relacionado a outro, que é o de “des-envolvimento” do bebê.
Na fase da fusão emocional o envolvimento é necessário
para criar essa outra condição de “des-envolvido”. É a fusão que favorece esse
processo.
Por outro lado, há certo desligamento natural das
coisas que não são desse mundo fusional. O pai pode sentir esse momento como
sendo colocado para fora dessa relação, tanto com a mãe, como com o bebê. O que
de certa maneira é real, pois a fusão pertence, neste momento inicial, à
relação da mãe com o bebê. O pai pode se transformar em um ser fusional com o
bebê em um segundo momento.
Assim, é natural quem ocorram todas essas modificações,
tanto físicas, como emocionais e relacionais, no momento em que uma família
recebe um bebê!
Todos necessitam de acolhimento, continência e tempo
para acomodarem sua nova condição.
E aqueles que fazem parte da rede sistêmica e social
desta nova família, também precisam ter consciência e conhecimento desta nova
fase. Julgamentos e falta de um olhar íntimo para as novas dinâmicas, não
ajudam e ainda podem ser determinantes na condução de situações desafiadoras e
difíceis.
Fica a dica!
Por uma educação pré-natal, com consciência e
amorosidade!
Grata, até a próxima!
Rosângele Monteiro
Psicóloga Perinatal e Terapeuta Sistêmica de Famílias
Gestantes, Pós-parto, Mãe-Bebê-Família
Adolescentes, Casais e Famílias
Coordenadora do Ninho Materno - Maternidade, família e infância.
www.rosangeleprado.blogspot.com
www.facebook.com/NinhoMaterno
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