sábado, 30 de abril de 2011

Quais são os hábitos de uma mãe feliz?

É sobre isso que se trata um livro recém-lançado nos Estados Unidos pela pediatra Meg Meeker. Na obra, ela relata como a pressão das mulheres que são mães atrapalha a sua felicidade e as dez maneiras de resgatá-la. Confira entrevista exclusiva da CRESCER com a autora
Ana Paula Pontes


  shutterstock




Você é uma mãe feliz? Não, não estamos de forma alguma questionando o quanto você é plena por ter tido filhos, mas, se como mulher, está realmente feliz. É sobre essa busca da realização na vida que a americana Meg Meeker, pediatra há 25 anos e mãe de quatro filhos já adultos, recém-lançou, nos Estados Unidos, o livro The Ten Habits of Happy Mothers: Reclaiming Our Passion, Purpose and Sanity (Os Dez Hábitos das Mães Felizes: Recuperando Nossa Paixão, Propósito e Sanidade, em tradução livre). Em entrevista exclusiva à CRESCER, ela conta que tem percebido que, nos últimos anos, as mães estão mais estressadas do que nunca e pensou no livro não como um guia de como ser uma mãe melhor e, sim, uma reflexão para as mulheres serem mais felizes. Mas o que é preciso, então, para encontrar o equilíbrio perfeito entre a maternidade e a vida pessoal? Abaixo, você confere trechos do nosso bate-papo com a escritora. 
CRESCER – Por que você decidiu escrever The Ten Habits of Happy Mothers
MEG MEEKER –
 Eu sou pediatra há 25 anos e tenho notado que, nos últimos dez anos, em especial, as mães estão mais estressadas do que nunca. Quase todas que eu vejo sentem que elas nunca fazem nada direito. Em resumo, sentem que não são boas o suficiente. Uma mãe me disse que eu deveria colocar no livro o título Mãe Não Boa o Suficiente. Nós sobrecarregamos nossos filhos, sobrecarregamos nós mesmas. Sentimos que, se eles tiverem sucesso, nós teremos sucesso. A verdade é que podemos ser excelentes mães independentemente do sucesso de nossos filhos. Cada vez mais as mães querem simplificar suas vidas, ter mais tempo para si, mas elas têm medo de cuidar delas mesmas. Meu livro dá a elas permissão para cuidar de sua felicidade. O velho ditado “Se a mãe não está feliz, ninguém está feliz” é pura verdade. Uma das melhores coisas que nós podemos fazer para nossas crianças é batalhar para nossa felicidade, porque nossa alegria transborda para a família.

C – O que você acha que mais atrapalha a felicidade das mães hoje em dia? 
M.M. -
 A pressão dos colegas, creio eu, está no coração do estresse que as mães sentem. Quando nos encontramos com outras mães, nos avaliamos e tentamos descobrir o que elas estão fazendo melhor do que nós. Se os filhos de outras mães estão tirando melhores notas do que os nossos, sentimos que estamos falhando como mães. E isso não é verdade.

C – Você tem quatro filhos. Você acredita que hoje é mais feliz e tranquila do que na época em que teve seu primeiro filho? O que mudou? 
M.M. –
 Claro que sim! Eu relaxei mais. E aprendi a confiar mais na minha intuição. As mães têm uma excelente intuição, mas a maioria tem medo de escutá-la porque temem que alguém as olhe de um jeito estranho ou que seus filhos vão se sentir diferentes. Conforme meus filhos cresceram, eu aprendi também que não temos que resolver todos os nossos problemas imediatamente. Eu aprendi que as coisas levam um tempo para serem resolvidas - e quando eu percebi isso, relaxei mais. 

  Reprodução livro Happy Mothers
No livro The Ten Habits of Happy Mothers: Reclaiming Our Passion, Purpose and Sanity (Os Dez Hábitos das Mães Felizes: Recuperando Nossa Paixão, Propósito e Sanidade, em tradução livre), a pediatra Meg Meeker, mãe de quatro filhos já adultos, descreve o que acredita serem os pilares da felicidade materna. Inspire-se!
1 - Entender seu valor como mãe – Quantas vezes você já não colocou à prova o seu valor? Se é boa, ruim, fabulosa, se fica pouco com as crianças ou se é desvalorizada porque fica em casa... “Você não é um fracasso. Mas se sente assim. E estou confiante no que digo porque, como pediatra, meu trabalho é ver você e manter seus filhos saudáveis. E quando eu observo, eu vejo crianças que amam a sua mãe. Eu vejo como os seus filhos olham para você, seguram sua mão. E eu vejo você semelhante à forma como eles a veem – como uma mulher importante, amada e estimada”, diz Meg.

2 - Conservar suas amizades-chave - Quantas vezes você conseguiu bater um papinho com sua melhor amiga depois que seu filho nasceu? “A verdade é que, quando alguma coisa precisa ser cortada das nossas demandas diárias, amigos são os primeiros que vão. Algumas vezes, parece que a amizade é dispensável, desnecessária. (...) Amigos são uma necessidade.” No fundo, você sabe bem que tê-los ao seu lado é parte da sua felicidade. Mantenha-os por perto!

3 - Valorizar e praticar a fé - “Nós temos de colocar nossa fé em alguém porque somos incapazes de controlar a vida. Não podemos proteger as pessoas que amamos por simples vontade. Nos sentimos impotentes, porque somos.” Para a autora, cuidar da nossa vida espiritual (que sempre fica perdida em meio às tarefas do dia a dia) nos torna mais saudáveis. E ela deve ser praticada também por meio do olhar ao próximo.

4 - Dizer não à competição - “Cada uma de nós, mães, competimos com outras mães de alguma forma. (...) E muitas de nós nunca vão admitir que fazem isso. Competir com outras mães nos trazem três coisas: acende o ciúme, nos mantém em um estado constante de inquietação com nós mesmas e transforma nossos relacionamentos.” Lembre-se: você é a melhor mãe que seu filho pode ter. Mesmo!

5- Criar uma relação saudável com o dinheiro - Você bem sabe que dinheiro não é sinônimo de felicidade. Apesar disso, é difícil fugir do impulso de querer comprar o que pode para o seu filho? “A parte complicada de ser mãe é que dar é bom e natural, mas nós esquecemos de dar o que realmente importa para os nossos filhos (o nosso tempo, atenção e afeto), e gastamos energia pagando coisas para eles. (...) Se acreditarmos que o dinheiro é parte da vida, mas não a força motriz que nos torna felizes ou infelizes, se nós tomarmos medidas ousadas, veremos que o contentamento verdadeiro nunca tem um preço."

6 - Arrumar tempo para a solidão - Um momento só seu. Você precisa disso, não é egoísmo. Então, se dê um tempo e... nada de culpa! “A verdade é: nós precisamos de solidão. Da mesma maneira que não podemos sobreviver sem amigos, comunidade e família, também precisamos de um tempo saudável de equilíbrio para nos recarregarmos fisicamente, mentalmente, emocionalmente e espiritualmente.

7 - Dar e receber amor de forma saudável - Como ficou o seu relacionamento com o seu companheiro após o nascimento do seu filho? E a sua tolerância com ele no dia a dia? “Se estamos constantemente criticando nosso companheiro ou nossos filhos, criamos barreiras para nós mesmas. Reclamações não levam a nenhum lugar bom. Ao contrário, joga a relação para baixo. (...) As mães podem ser muito mais felizes se aprenderem a ignorar falhas de caráter, atitudes mal-humoradas, birras e focar na bondade de quem amam. Isso não significa que somos cegas. Mas que estamos dispostas a ver as falhas e fragilidades dos nossos entes queridos, mas apreciá-los e amá-los de qualquer maneira.”

8 - Encontrar formas simples de viver – E aqui se fala, em especial, na simplicidade interior! Entender que você não precisa dar conta de tudo, nem se pressionar a acertar sempre. “Viver simples significa viver mais. Isso não quer dizer abrir mão de coisas em nossas vidas que queremos e nos tornarmos mulheres com foco singular. Significa estabelecer prioridades”, diz Meg. É dar o valor real a que cada coisa merece.

9 - Deixar o medo de lado - É difícil, claro! Afinal, não queremos que nada de mal aconteça com nossos filhos. “Nós estamos nos preocupando mais do que no passado, e o mais importante, essa preocupação está nos esmagando. (...) Muitas neuroses são genuínas e baseadas em fatos, mas alguns de nossos medos não são bem fundados. Eu vejo muitas mães preocupadas com o sucesso de seus filhos quando eles já são bem-sucedidos. Elas se preocupam se eles estão magros, quando já estão. (...) A vida é muito curta. Temos muita vida para viver, apesar de todas as coisas ruins ao redor. Há muito mais coisas boas do que más e muito menos para se preocupar do que pensamos."

10 - Esperança é uma decisão. Decida! “A vida não pode ser sustentada sem esperança. A esperança demanda que acreditemos em duas coisas: no futuro – mesmo que ele seja breve – e na possibilidade de bons acontecimentos. Quando temos esperança, temos a convicção de que nossa vida vai ficar melhor do que é hoje. Melhoria, alegria, cura ou algo maior vão acontecer em breve”, diz Meg. E, quando temos filhos, é essa confiança em mundo melhor que devemos ter, não é mesmo?

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Colocar na creche?


Nos primeiros anos de vida, as crianças só precisam do amor dos pais, afirma o best-seller Steve Biddulph
Pete Millson/Camera Press


Um dos autores mais bem-sucedidos da psicologia infantil, o britânico Steve Biddulph, de 51 anos, não se envergonha de jogar um balde de água fria nas conquistas femininas dos últimos 40 anos. Em vez de sair para trabalhar, ele diz que as mães – e os pais também – deveriam ficar em casa com seus filhos até eles completarem 3 anos. O motivo é a inadequação das creches modernas às necessidades das crianças dessa idade, que, segundo Biddulph, precisam muito mais de amor e carinho do que de brincadeiras com gente estranha.




Nasceu em 1956, em Yorkshire, na Grã- Bretanha. Mora em Evandale, na Austrália. É casado com a escritora Shaara 
Biddulph 
O QUE PUBLICOU 
Entre as obras que publicou, traduzidas em 27 idiomas, estão o best-seller Criando Meninos, O Segredo das Crianças
Felizes, Momentos Mágicos com Seus Filhos, Filhos: Nossa Imortalidade
 e, o mais recente, Criando Bebês Felizes, em
que condena creches para bebês 

ÉPOCA - Estudos dizem que as crianças devem ir para a escola quanto antes. Por que o senhor discorda? 
Steve Biddulph
 – Bebês não foram feitos para ir à escola nem para ser cuidados em grupo. Eles crescem e aprendem melhor quando têm um ou dois adultos cheios de amor exclusivo. Minha pesquisa é clara nesse sentido: até os 3 anos de idade da criança, é a família que tem condições de interagir com ela para um bom desenvolvimento cerebral. Ou seja, com intensidade e sintonia. É assim que o bebê aprende a se aproximar e a criar empatia – e adquire o que chamamos mais tarde de “inteligência emocional”. A melhor hora de colocar a criança na escola é a partir dos 3 ou 3 anos e meio. O certo é começar com três manhãs por semana de jardim-de-infância, com atividades educativas. Isso é bem diferente de deixar a criança todos os dias numa creche de período integral.

ÉPOCA - Qual a importância da adaptação escolar no aprendizado da criança? 
Biddulph
 – Estudos sobre estresse e níveis de cortisol no sangue mostraram que bebês na fase de aprender a andar sofrem o dobro de estresse quando são separados da mãe e inseridos numa creche. Foi constatado que por meses o nível de cortisol se mantém alto. Sabemos que cortisol elevado faz mal, porque atrasa o desenvolvimento do cérebro, atrapalha o sistema imune e até reduz o crescimento. Os estudos constataram que as crianças que aparentavam bem-estar, na verdade, permaneciam estressadas – elas aprenderam a esconder a emoção e a lidar com ela. É importante lembrar que, nessa fase, a idade e o preparo são cruciais. O que pode ser valioso e excitante para uma criança de 5 anos pode ser devastador e traumático para outra de 1 ano e meio. Desenvolvimento infantil é isso: a coisa certa na hora certa.

ÉPOCA - Pesquisas demonstram que as crianças se desenvolvem melhor quando são estimuladas a ganhar independência. Como oferecer a elas essa oportunidade sem prejudicá-las?
Biddulph
 – Dos 3 anos em diante, elas começam a brincar socialmente. Antes disso, elas na verdade vêem outras crianças mais como fontes de concorrência e ameaça que como companhia. Quem brinca com as crianças pequenas são as mais velhas ou os adultos. Você não vê bebês tomando conta uns dos outros. Eles apenas brigam. Forçar essa interação social pode atrapalhar o aprendizado, de acordo com estudos internacionais que acompanharam milhares de crianças. Eles descobriram um fator de risco triplo: as muito novas que vão à creche com freqüência e passam muitas horas ali se tornam agressivas, ansiosas e desobedientes. E perdem o vínculo com a mãe. É importante ver isso em perspectiva. O número de crianças “desajustadas” cresce de 6% (em lares de bebês criados em casa) para 17%, nesses casos. Os pesquisadores acreditam que provavelmente toda criança criada em creche é de alguma forma prejudicada. Mas não criemos pânico. Pôr seu filho numa creche não é crime, mas é uma opção menos valorosa.

ÉPOCA - O que há de errado com as creches? 
Biddulph
 – Para algumas crianças, pode ser uma experiência triste e danosa. O que se aprende nos primeiros anos de vida é a socialização: como confiar, se sentir seguro e ser alegre. Esse aprendizado é precioso demais para colocá-lo em risco no ambiente caótico de uma creche, barulhenta, com crianças demais. As creches estão distantes da imagem idealizada que elas vendem. A equipe muitas vezes é desqualificada, e os profissionais mais atenciosos costumam estar ocupados e estressados. Ali, as crianças são tratadas como grupo e não podem ser amadas ou cuidadas individualmente. As interações amorosas que elas têm com a mãe e o pai centenas de vezes por dia acontecem menos de 20% do tempo na creche. Estudos com gravações em vídeo mostram que bebês nessa situação acabam desistindo de pedir atenção e tornam-se depressivos. Ficam quietos e aí são considerados bons bebês.


Nas creches, as crianças não podem ser amadas individualmente. Os bebês desistem de pedir atenção, ficam quietos e aí são considerados bons bebês

ÉPOCA - Como pais que trabalham o dia inteiro podem dar atenção suficiente aos filhos pequenos?
Biddulph
 – O direito à maternidade e à paternidade é uma questão de justiça social. Em algumas sociedades, como nas Filipinas e na África do Sul, os pais são forçados a viver longe dos filhos por razões econômicas. É muito triste. Essa é a tragédia da industrialização. Em todo o planeta, famílias têm sido devastadas por modelos assim. Na vida em comunidade e nas aldeias indígenas, as famílias ficam unidas durante o dia. Os avós são tão bons quanto os pais, e parentes fazem um trabalho melhor que qualquer creche na maior parte dos casos. É por isso que estou fazendo campanha. Até as pessoas mais ricas têm seu papel nessa mudança, pois dão o exemplo. Nos países ricos, são os ricos que põem suas crianças em creches e têm menos tempo para cuidar delas. As pessoas pobres detestam ficar separadas de seus filhos e tendem a preferir que um membro da família tome conta das crianças enquanto trabalham.

ÉPOCA - O senhor está sugerindo que mães que colocam seus filhos em escolas os amam menos?
Biddulph
 – A oferta de babás baratas para mães ricas nos países em desenvolvimento é uma tentação. Enquanto a mãe cuida da casa, a babá cuida do bebê. Como o bebê interpreta isso? Como se ele fosse tão importante quanto a faxina? Ser mãe ou pai não é coisa fácil: é algo para aprender. Se deixar a criança em uma creche for inevitável, os seguintes fatores devem ser levados em conta: quanto menos crianças por cuidador, melhor; equipe perene (para uma relação estável) e cuidadores bem pagos (para que eles se sintam bem ali). Minha pesquisa mostrou o efeito das horas em uma creche sobre as crianças. Até 1 ano de idade, não se recomenda creche por nem um minuto. Até os 2 anos, dois dias curtos (meio período) por semana. Até os 3 anos, três dias curtos por semana são aceitáveis.

ÉPOCA - Em seu livro, o senhor afirma que “tudo de que os bebês precisam é amor”. Como eles experimentam esse amor?
Biddulph 
– Amor tem a ver com tempo. Quando você vê um pai amável com seu filho de colo, o tempo escoa, parece lhe restar todo o tempo do mundo. A pressa é inimiga do amor, porque o corrói e destrói. Temos de combater isso para proteger pais e filhos do estresse. Quando somos amados, nossas emoções são apaziguadas. Há muita risada, música e cantoria. Aprendemos a nos recuperar do estresse rapidamente. É difícil tornar-se amável sem ter passado por essa experiência. E a melhor fase para sentir isso é na primeira infância, nos braços dos pais. É quando se desenvolve a parte do cérebro que ama: o córtex frontal, que reconhece um sorriso, aprecia um afago, vê o mundo como seguro e interessante.

http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI58937-15228,00.html

terça-feira, 26 de abril de 2011

EVENTOS


MAIO/2011                                                                        


    

"CUIDADOS NA PRIMEIRA INFÂNCIA"



Psicóloga Rosângele Monteiro
Local: Espaço Iris Homeopatia
Valinhos -  inscrições F: 3871 8018
06 de Maio de 2011 às 19:30h
Aberta ao Público
Contribuição: Alimentos, Produtos de Higiene Pessoal ou Limpeza a serem doados para instituições



PALESTRA

"Autonomia e Vínculos Afetivos"

Psicóloga Rosângele Monteiro 
Escola Futura - Campinas
7 de Maio de 2011 às 10hs.
Público: Pais e Familiares de Alunos




             

Escola Virtual para Pais
      
 WEBCONFERÊNCIA NA ESCOLA VIRTUAL PARA PAIS                 www.escolavirtualparapais.com.br





Psicóloga Rosângele Monteiro

Os cuidados na primeira infância constituem a base do desenvolvimento emocional do ser humano. Nesta conferência serão apresentadas quais as necessidades dos bebês, como eles as expressam e como atendê-las. Choro, cólica, sono, alimentação e relacionamento pais-bebê, serão os temas abordados.

Inscrições com vagas limitadas



quarta-feira, 20 de abril de 2011


PSICOLOGIA DA AMAMENTAÇÃO

Por mais que se façam campanhas incentivando o aleitamento materno, algumas questões que dificultam o sucesso nessa empreitada devem ser discutidas para que possamos entender porque ainda hoje tantos fracassos rondam a amamentação. Qualquer mãe falará, sem sombra de dúvida, sobre a importância desse tema. Não há quem questione a obviedade da preferência pela forma natural de alimentação do bebê até, pelo menos, seis meses de idade. Também sabemos que as maternidades estão muito voltadas para o apoio à parturiente e costumam ser enfáticos no apoio neste momento. Por que ainda vemos tantos problemas com a amamentação: Podemos elencar alguns empecilhos e soluções.
Insistir com a gestante que a amamentação é um ato amoroso de extrema importância é uma faca de dois gumes. Se, por um lado, incentiva e valoriza os atributos da mãe, por outro, cria uma pressão na forma de expectativa, dando a entender que a mãe que não conseguiu amamentar teve dificuldades em amar seu bebê, sendo uma mãe “menos generosa”, menos mãe etc. Este tipo de enfoque também parte do pressuposto de que a amamentação não requer aprendizado e que basta querê-lo. Assim, a mãe que não supera as dificuldades deste tipo de alimentação, “não quis o bastante”. Pressupõe, esta abordagem puramente romântica, que não há o que ensinar, é tudo natural.
Primeiro, precisamos pensar que o homem sempre viveu em comunidade, desde os tempos primitivos e que a tradição oral dava conta de transmitir o aprendizado de geração em geração sendo a cultura inteiramente interativa, ou seja, mães e bebês não estavam isolados e uma mulher muito antes de dar à luz conhecia todo o desenrolar da procriação, pois participava do parto e puerpério das outras mães da comunidade. Havia uma tecnologia sim, da amamentação, e ela era passada entre as mulheres no convívio social. Hoje em dia, nem os cuidados básicos consigo mesmo são transmitidos dentro da família que, por si só, é isolada dos demais. Quantas pessoas (para não dizer mulheres) aprenderam a cozinhar com seus pais? A transmissão do conhecimento costuma ser acadêmica e o espaço de troca desapareceu. Cada casal tem o seu bebê sem contar com a ajuda da comunidade: temos babás, enfermeiras, psicólogas, médicas etc. Não é incomum que o primeiro bebê a ser cuidado por um casal seja o seu próprio. Muitos homens carregaram pela primeira vez um bebê quando nasceu o seu! Incentivar a amamentação sem ensinar “macetes” é uma forma de abandono à própria sorte e pode gerar ansiedade, o que, por sua vez, tende a atrapalhar o processo. Amamentação deve ser ensinada e facilitada.
Outra questão refere-se à transição entre a gestação e o puerpério. O primeiro modelo de cuidado que a mãe tem é gestacional, quer dizer, para a parturiente nada do que ela fizer se compara à plenitude da gravidez. Isso tem dois aspectos: num ela não se dá conta de que foi capaz de gerar outro ser humano com seus próprios recursos corporais e, portanto, não atribui a si a potência suficiente para cuidar do bebê fora da barriga. Num caso extremo, a mãe se vê impotente diante da tarefa, pois está alienada do seu papel fundamental até então.
Noutro lado, ela pode reconhecer a magnitude de seu desempenho e tem como modelo nada menos do que a satisfação plena que era capaz de proporcionar ao bebê. Neste caso, existe uma dificuldade de sair do modelo onipotente da gestação. Em ambos os casos, o que se procura é reafirmar a potência da gestação e valorizar o puerpério, ajudando a gestante a abandonar o primeiro modelo de cuidado onipresente, ou seja, fazer a completa transição para cuidado fora do útero.
Outra questão que atravessa tudo que diz respeito ao humano é a cultura. Não podemos pensar em amamentação como algo “natural”, porque não somos seres simplesmente regidos pelo biológico. Como nos aponta ALMEIDA (1999): “A amamentação, além de ser biologicamente determinada, é socioculturalmente condicionada, tratando-se, portanto, de um ato impregnado de ideologias e determinantes que resultam das condições concretas da vida”. Assim, cada grupo social ira incentivar ou não a lactação em função de questões históricas e sociais. Quando nos vemos frente a dificuldades no aleitamento, temos que nos ocupar com uma anamnese que pesquise fatores culturais e familiares daquela dupla de mãe e bebê. Expectativas, fantasias, ideário familiar (desempenho das outras mulheres da família ou meio social). Algumas mulheres se vêem diante da desconcertante tarefa de superar suas próprias mães que, muitas vezes, fracassaram e tendem a desestimulá-las evitando que se frustrem como elas mesmas.
Devemos ter em mente que tudo o que acontece à dupla mãe/bebê envolve os aspectos da subjetividade e da díade, sua intersubjetividade, o corpo de ambos e o contexto sociocultural e histórico. Falar de amamentação é falar de relacionamento humano e deve ser encarado em suas múltiplas facetas.
Muitas são as questões que atravessam os cuidados com a amamentação e não podemos nos eximir de nossas responsabilidades no apoio efetivo para o bom desempenho dessa importantíssima tarefa.
Vera Iaconelli
Referência bibliográfica
ALMEIDA, João Aprígio Guerra de. Amamentação: um híbrido natureza-cultura. Ed. Fiocruz, Rio de Janeiro, 1999.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Documentário "Hanami - O Florescer da Vida" - distribuição gratuita


 Capa do DVD do documentário Hanami - O Florescer da Vida. Peça o seu e ajude a divulgar.
 A distribuição é gratuita e não tem fins lucrativos. Pedimos, apenas, que ajude a divulgar o conceito de parto humanizado.

Para ver cenas do documentário e apoiar o projeto: 




Não é novidade que o Bazar Coisas de Mãe apóia e luta pela divulgação do documentário "Hanami - O Florescer da Vida", que retrata a atuação de um grupo de enfermeiras-parteiras na região da Grande Florianópolis, em atendimentos a partos domiciliares e partos humanizados. Na verdade, um grande número de mães envolvidas na realização do Bazar fazem parte diretamente desse documentário, que tem como objetivo esclarecer as pessoas sobre o conceito de parto domiciliar e parto humanizado, além de divulgar uma velha-nova forma de trazer seres humanos ao mundo, de maneira humanizada, consciente, amorosa e não mecanizada.
Lutamos pelo direito que toda mulher tem de saber que existem alternativas às cesáreas eletivas, aos partos institucionalizados da forma como eles vêm sendo encarados hoje.
É direito da mulher escolher a sua melhor forma de parir!
É direito da mulher retomar o poder sobre seu próprio corpo!
É direito da mulher ser respeitada em suas decisões!
É direito da mulher não ficar à mercê das decisões tomadas por médicos e equipe médica, sem que seja esclarecida, consultada e respeitada!
É direito de toda família escolher uma forma mais humana e amorosa de receber seus filhos!
E pra tentar garantir esse direito, acreditamos que é imprescindível mais
INFORMAÇÃO. Sem crendices, sem opiniões formadas a partir da falta de
conhecimento, sem mitos, sem lendas: o fato como ele é!

O documentário "Hanami - O Florescer da Vida" foi produzido pela diretora Priscila Guedes, da produtora Barro Digital, com a ajuda de dezenas de famílias que receberam seus filhos de maneira humanizada.

Está sendo distribuído GRATUITAMENTE e não tem fins lucrativos.


http://pt-br.paperblog.com/distribuicao-gratuita-do-documentario-hanami-o-florescer-da-vida-sobre-partos-domiciliares-e-humanizados-99968/

Todo mundo tem um filho favorito?

Sua primeira resposta (e a da maioria dos pais)certamente será “não, claro que não”. Mas para a terapeuta norte-americana Ellen Weber Libby, que tem dois filhos, toda mãe e todo pai tem, sim, o seu predileto. Descubra como ela chegou a essa constatação e tudo o que você deve saber sobre esse assunto

Biddiboo/getty images
Os irmãos Corinne, 27 anos, e Mark, 22, sempre se provocam mutuamente sobre quem é o “queridinho” da família. E até hoje reclamam para os pais quando acham que um está sendo mais favorecido do que o outro. Não conheci Corinne e Mark pessoalmente, mas posso imaginar as cenas. Afinal, quem nunca presenciou um diálogo desses em família? Tudo o que vi desses dois irmãos foi uma foto deles adultos, que na verdade não tinha nada demais: eles estão elegantes para uma festa, ao lado da mãe, dando muita risada, felizes. Ela é a terapeuta norte-americana Ellen Weber Libby, que me enviou a foto para eu conhecê-los melhor, e não resistiu em tirar um sarro, mas do tipo saudável, claro. “Como você pode ver, os dois estão se divertindo comigo e ambos acreditando ser o tal ‘filho número 1’.”
Psicoterapeuta há mais de 30 anos em Washington, Estados Unidos, a questão de se existe ou não um filho favorito sempre fez parte de suas principais reflexões. E essa curiosidade culminou no lançamento de The Favorite Child, How a Favorite Impacts Every Family Member for Life, (ou O Filho Favorito – Como um Favorito Impacta Cada Membro da Família para a Vida, em tradução livre, da editora Prometheus Books, e ainda sem previsão para lançamento no Brasil). Nele, pesquisas e histórias, muitas histórias – que vão desde casos ouvidos em seu consultório até a infância de ex-presidentes norte-americanos.
Logo nas primeiras páginas, a autora afirma o que os pais não admitem nem para a sua sombra: toda família tem um filho favorito. E Ellen não chegou a essa conclusão só por uma briga ou outra dos filhos, ou por causa de algumas famílias observadas: ela foi tão longe no assunto que a razão para escrever sobre o tema veio de personagens ilustres, como políticos que se deitaram em seu divã. Acostumada a ouvir secretários de governo, embaixadores e até agentes do serviço secreto em seu trabalho, ela percebeu que grande parte deles cresceu como o número 1 da casa – assim como aconteceu com todos os ex-presidentes dos Estados Unidos desde Roosevelt, incluindo o atual, Barack Obama. Depois de reunir tanta pesquisa, o grande “estalo” para escrever o livro veio com o escândalo de Bill Clinton e a ex-estagiária Monica Lewinsky, em 1998. “Fiquei pensando no motivo de ele ter preparado tamanha armadilha para a sua carreira e percebi que, como filho favorito de sua mãe, Clinton cresceu acreditando que as regras não se aplicavam a ele, e que conseguiria se livrar dessa situação”, afirma Ellen em entrevista exclusiva à CRESCER. E quem se perguntar sobre o nosso famoso ex-presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, temos uma suspeita: segundo a historiadora Denise Paraná, biógrafa e autora de A História de Lula – O Filho do Brasil (Ed. Objetiva), podemos dizer que Lula foi criado nas condições de filho favorito. “A mãe depositou nele toda a chance de ascensão social da família. Ele foi o último filho homem e o único que estudou e trabalhou ao mesmo tempo. A expectativa era que ele ‘desse certo’.”
Se o objeto de estudo de Ellen é um tanto distante para você, saiba que entender o favoritismo não é mesmo tão simples. Tem mais a ver com as expectativas e necessidades do pai e da mãe do que com as características de cada criança. Ah, e acredite: ter um filho favorito não significa que você o ama mais do que os outros!
O número 1 pode ser o que preenche todas as características imaginadas ainda na gravidez: será que vai ser médico? Vai ter os olhos do pai? Ou cabelos encaracolados como os da mãe? Pode, ainda, acontecer com a primeira menina depois de uma sucessão de meninos, ou se a criança for a que carrega o nome do avô. Quando cresce, o preferido é aquele que escuta seus conselhos ou que não perde uma partida de futebol com você no fim de semana. “Tem a ver com o momento de cada família, com a personalidade dos pais ou com valores transmitidos. É inconsciente”, diz Maria Luisa Castro Valente, psicóloga e professa da Unesp de Assis (SP). E a afirmação de que o favoritismo não representa o amor? Para Ellen Libby, os pais podem amar todos os filhos e ainda assim favorecer um deles. Já a psicóloga Vera Lucia Lotufo Belardi, da Unifesp (SP), tem outra explicação. “O que acontece é que os filhos têm personalidades distintas, e são parecidos ou com o pai ou com a mãe. É uma questão de identificação, e não de quem gosta mais de quem”, afirma. Aliviou?
Favorito por quê?
O filho com alguma dificuldade ou que é mais dependente faz com que cresça mais protegido, e isso é apenas um passo para o favoritismo. Acontece com a dona de casa Catherine Neves Barabás, 32 anos, mãe de Samuel, 12, e Mariana, 7. Quando seu primeiro filho nasceu, ele teve meningite e precisou ficar mais tempo no hospital. Até hoje tem mais atenção da mãe. “Cada um tem um temperamento diferente e posso dizer que os dois me dão trabalho. Mesmo assim, Samuel é sempre visto como o preferido. Não me culpo por dar mais atenção para um, porque sei que isso está ligado às necessidades diárias, e não ao amor. Mas que a Mariana reclama, ah, reclama...”, diz.
Não são apenas as características físicas ou psicológicas, portanto, que são levadas em conta. Quem nunca ouviu falar que os homens são sempre os queridinhos? Ou que os caçulas são os menos cobrados pelos pais? Uma pesquisa do website britânico Netmums com 2.672 internautas mostrou que as chances de uma mãe ser mais dura com a menina do que com o menino é duas vezes maior e, apesar de mais da metade achar essa distinção errada, 21% repreende mais as meninas. Quanto à preferência pelos caçulas, a razão pode estar na atitude natural de cuidar do mais novo. “Conforme a criança fica mais velha e aquele adorável bebê se transforma naquele não-tão-adorável-pré-escolar, o favoritismo pode mudar. Isso é verdade em todo o mundo”, diz Judith Rich Harris, autora de Não Há Dois Iguais – Natureza Humana e Individualidade (Ed. Globo). Ou seja: na escala de irmãos, o primogênito pode assumir a presidência da empresa da família, mas o caçula ainda mantém as regalias. Você já viu um filme com essa história, não?
A estilista Keynne Sampaio, 36 anos, é mãe de Letícia, 8, Larissa, 6, e Louise, 5. Moradora de Fortaleza (CE), ela conta que a mais velha foi a primeira neta e sobrinha e, por isso, sempre foi muito paparicada. No entanto, logo chegaram as irmãs e o “reinado” se desfez rapidamente. “A Letícia teve que me ajudar desde o início – imagine como era descer do carro com três crianças pequenas!”, diz. Hoje, a mãe assume que Letícia é “louca pelo pai”, com quem é muito parecida, enquanto a caçula é mais próxima a ela. “Durante a gravidez da Louise, meu marido precisou trabalhar em outra cidade e, assim, não participou tanto da gestação dela quando das outras duas. Então, acabei dando mais atenção a Louise desde o começo e hoje todo mundo acha que eu sempre a defendo. Como é a mais danada das três, tudo o que acontece acham que a culpa foi dela”, conta Keynne. No meio das duas, Larissa acabou sendo a mais manhosa. “A gente a chama de ‘gato angorá’, porque ela pede atenção o tempo todo”, afirma a mãe.
É claro que ser o favorito (e fonte de toda atenção dos pais), contribui para um desenvolvimento saudável. Mas, como Ellen constatou, há desvantagens. Enquanto ele ganha em autoestima, confiança e otimismo, também tende a se sentir obrigado a atingir todas as expectativas dos pais. Pesquisadores da Cornell University, de Boston (EUA) levaram o tema “filho favorito” a 275 famílias e viu que o “escolhido” pode sofrer até de depressão. “Não se tornar o que os pais sonham atrapalha o filho que cresceu como o preferido. Já o que nunca recebeu muita atenção pode se sentir mais livre e se dar bem na vida”, explica a psicóloga Maria Luisa.
E assim como as situações em família mudam, o filho favorito pode ser ora um, ora outro. Para Ellen, esse balanço seria a maneira mais saudável. Em sua casa, é assim que ela e o marido, Hank, fazem com Corinne e Mark. Enquanto o menino tem senso de humor e é aquele que faz a mãe rir quando está amuada, a irmã é mais sensível e está sempre a postos para conversar nos momentos em que alguém está triste.
Vantagens em ser o favorito 
• Adquire a confiança necessária para ultrapassar os desafios
• Recusa “não” como resposta
• Aprende a cultivar relações com pessoas importantes como professores, mentores e chefes
• É otimista
• Tem chances de se tornar um líder
Desvantagens em ser o favorito 
• Torna-se autoritário
• Acredita que as regras não se aplicam igualmente a ele
• Tende a ser manipulador
• Não espera ser responsabilizado pelo seu comportamento
• Não costuma ser honesto consigo mesmo e nem adquire a liberdade necessária para ser ele mesmo
• É mais vulnerável a desenvolver sintomas de depressão, alcoolismo e outros vícios, além de ter problemas em lidar com a intimidade

Relações de verdade
Assumir o favoritismo não é dizer, em alto e bom som, que determinada criança é sua preferida. E muito menos agir sempre a favor de uma, esquecendo-se da outra. É entender que, possivelmente, você vai tratar os filhos de jeitos diferentes, e em momentos diversos. Equilíbrio, portanto, mais uma vez é a regra.
“É importante admitir que você se identifica mais com um do que com o outro, quem é essa criança e como ela preenche suas necessidades”, afirma Ellen. Quando os pais conseguem manter uma relação de respeito, aí, sim, é possível contribuir positivamente para formar a personalidade de todos os filhos – e para isso, não importa se um deles será, ou não, o próximo presidente do país.
  Divulgação
The Favorite Child - How a Favorite Impacts Every Family Member for Life, de Ellen Weber Libby, editora Prometheus Books (em inglês)
Sem Culpa 
Várias razões levam um pai ou uma mãe a elegerem o “número 1” da casa. Pode ter a ver com as expectativas que rondaram a chegada daquele bebê ou com as afinidades que aquela criança tem com um dos pais. O sentimento é legítimo e o importante é saber o que você vai fazer com ele para não prejudicar o não preferido daquele momento.


Fonte: http://revistacrescer.globo.com/Revista/Crescer/0,,EMI205153-10496-3,00-TODO+MUNDO+TEM+UM+FILHO+FAVORITO.html