COLUNA: "Tudo de Bebê Campinas"

Nesta sessão você encontrará textos produzidos para a coluna do site "Tudo de Bebê Campinas"




A mulher, a maternidade e a profissão.
04 de setembro de 2013


                                     


Viver esses três papéis concomitantemente é de uma complexidade capaz de levar a mulher às manifestações mais sombrias da sua alma e, ao mesmo tempo, potencializar as realizações mais valorosas da sua existência.

Como integrar tantas demandas e de ordens tão diversas?
Há um espaço de conciliação entre a maternidade e a carreira?

Podemos pensar que, de alguma maneira, estes papéis são complementares, e não necessariamente um papel exige algo da mulher que se contrapõe a outro. O conflito está a serviço da ordem, e assim é para que possamos nos conectar com as nossas possibilidades ilimitadas, infinitas. Quando olhamos para o conflito temos condições de resolvê-lo, mas muitas vezes não é assim que agimos, preferimos nos vitimizar e manter nossa estreita convivência com o conflito, mantendo-o ali, ao nosso lado. Tornar o conflito um aliado é o desafio que cabe nesse espaço em que coabita carreira e maternidade.
Uma mulher que desenvolveu suas potencialidades, expressando-se no mundo através da sua profissão, naturalmente terá dificuldades em subtrair da sua vida todo esse movimento, de uma dedicação e esforço ímpares, para estar na maternidade.
Cada fase do ciclo vital exige um tipo de investimento emocional específico, o desenvolvimento da carreira requer um movimento para fora, “externalizante”, e a maternidade convida para o movimento mais interno que uma mulher pode viver. É nesse espaço que vive o conflito experimentado por mulheres profissionais que desejam viver a maternidade.

É possível uma mulher realizar esses dois desejos?

Sim, porém sem deixar de viver o feminino. Sem deixar o seu papel de mulher no último lugar de importância.
Isso quer dizer que a mulher precisa identificar, ou criar, a sua rede de apoio, tendo prioritariamente o pai como ocupante do primeiro lugar nesta rede.
É o pai quem pode ser o apoiador número um na legitimação de todos os papéis experimentados pela mulher: a mulher, a mãe e a profissional. Ele está diretamente envolvido em cada um deles, pois escolheu a esposa (relacionamento), a mãe (filhos), e a profissional com quem divide as responsabilidades materiais da família. Isto também está presente nas famílias onde os pais são separados, pois essa ordem não precisa ser alterada nesta constituição familiar.
Quando a mulher escolhe, porque sempre há uma escolha, conciliar carreira e maternidade, ela precisa estar consciente dos desafios que isto traz e construir, junto da sua rede de apoio, formas de lidar com esse projeto; sim é um projeto de vida!
O início da maternidade, materializada com a chegada de um bebê na família (seja o primeiro filho ou não), promove mudanças muito importantes, traduzidas em uma crise vital, onde os papéis fundamentais se alteram; a mulher agora é mãe, também, e o homem agora é pai, também.
Ser mulher, ser mãe e ser profissional compõem aspectos da identidade de toda mulher. Para a maioria das mulheres estes aspectos coexistirão em um determinado momento da vida. Integrá-los de maneira a reconhecê-los é o movimento que torna possível uma maternidade consciente: criar os filhos com autonomia interior.
Os filhos reconhecem as necessidades da mãe quando ela as coloca em sua vida familiar de maneira autônoma. Os filhos também se realizam com a realização da mãe. A mãe pode colocar suas escolhas, como a de manter a sua profissão em conciliação com a maternidade, e ficar livre da culpa, pois a culpa é filha da maternidade sem consciência.
A maternidade é uma vivência que, pontualmente, exige dedicação e renúncia. Em suas fases iniciais, a maternidade impulsiona a mulher a estar fusionada com o bebê, e isso é o natural, o desejado. Esse momento é o tempo da licença maternidade, em que a mãe fica imersa nos cuidados com o bebê, construindo a maternagem. O tempo da licença no Brasil ainda é insuficiente para dar conta das demandas de um bebê, e o retorno ao trabalho representa tempos difíceis de renúncia, agora, ao convívio intenso com o bebê. É neste momento que a rede de apoio deve contribuir com a mãe-mulher-profissional, e a empresa está inserida nesta rede, na medida em que deve lançar recursos de continência às novas necessidades de suas colaboradoras.
A conciliação entre carreira e maternidade convida a uma nova forma de vida, onde a mulher não precisa estar sozinha com seus desejos e necessidades. É tempo de partilhar, é tempo de pedir integração a todos os sistemas envolvidos na maternidade exercida pela mulher.

Ser mulher, mãe e profissional:

“Retomar a condição de mãe em novas bases de ação e entendimento”





Julho/2013

Em um passado, não muito distante, os sintomas apresentados pelos bebês eram vistos e tratados apenas como manifestações fisiológicas.
Diante das dificuldades encontradas pela não remissão dos sintomas com o tratamento convencional, tornou-se fundamental uma compreensão aprofundada do bebê, considerando a sua dinâmica emocional e o universo de relações que ele estabelece com a família/cuidadores.
Essa visão integral que oferece a possibilidade de atender a demanda emocional que alguns bebês apresentam, inclusive logo após o nascimento, é a pedra fundamental desse trabalho terapêutico entre pais e bebês.
Muitas das explicações às manifestações físicas dos bebês têm relação com os vínculos afetivos entre ele e seus pais/cuidadores e estes podem implicar, inclusive, em prejuízo do seu desenvolvimento integral.
Desde a gestação os bebês têm uma vida psíquica e o relacionamento com o mundo externo ao ventre materno se constrói desde então. Após o nascimento há um reconhecimento entre pais e bebê, e então a relação entre eles toma outra dimensão.
Winnicott refere: “não existe essa coisa chamada bebê” – para dar a dimensão do mundo de relações ao qual o bebê precisa se inserir para existir, para ser.
A relação entre os pais e o bebê, em especial com a mãe, é movimentada pela circulação dos afetos entre eles. Os elementos que compõem essa dinâmica são atravessados pelas histórias de vida dos pais, pela relação entre esse casal parental e pela dinâmica familiar como um todo.
Não raramente ocorrem dificuldades, especialmente no pós-parto imediato onde há uma intensa vivência emocional tanto por parte do bebê como dos pais, e de adaptação do bebê às novas condições extero-gestacionais, e dos pais em seus novos papéis familiares.
A permeabilidade a esse trabalho terapêutico é bastante expressiva na medida em que, quanto mais precocemente forem lidadas as demandas emocionais, maior a eficácia do cuidado, é o chamado “período sensível”. Há nessa relação pais-bebê um campo de riquezas terapêuticas que precisam ser reconhecidas e valorizadas como ferramentas de prevenção à saúde integral, física e emocional, do bebê e da família.
Os bebês expressam seus sofrimentos psíquicos no corpo para se fazerem ouvir.
Como podemos identificar os sinais de sofrimento psíquico, fragilidades e dificuldades nos bebês, os chamados sinais de apelo? Os bebês podem apresentar:


Ø Distúrbios somáticos: eczema, asma, infecções de repetição, distúrbios digestivos e outros...
Ø Doenças recorrentes
Ø Dificuldades para dormir - dorme pouco ou muito.
Ø Dificuldades de alimentação – é um momento tenso, de sofrimento ou há uma recusa ao alimento/amamentação.
Ø Variações de temperatura sem diagnóstico clínico.
Ø Falta de interesse no cuidador – pais e outros.
Ø Pouca ou nenhuma interação diante da proposta de brincar.
Ø Não há fixação do olhar
Ø Apatia, sintomas depressivos.


Cabe aqui esclarecer que esta listagem aponta possibilidades de sintomas cuja causa pode ser relacional, mas não podemos descartar as causas físicas de tais disfunções e distúrbios.
O objetivo deste artigo é levar ao conhecimento dos pais e cuidadores que pode haver outra causa para estes distúrbios, especialmente quando eles são recorrentes ou não apresentam coerência diagnóstica física.
A psicoterapia pais-bebê é uma modalidade de atendimento que promove atenção à saúde emocional desde a gestação até o terceiro ano de vida do bebê, já que esta corresponde à fase fundamental para a constituição do ser humano. Então, podemos considerar de maneira relevante tais sintomas, até o terceiro ano de vida, sendo que o primeiro ano é considerado o mais importante.
São processos psicossomáticos cuja função na corporeidade do bebê é denunciar e dar voz ao seu universo de emoções.
Um sintoma precisa ser acolhido como um caminho que se coloca diante da família para levá-la a lugares de realização e plenitude, precisa apenas olhá-lo com coragem para percorrê-lo.
Abraço afetuoso...


Rosângele Monteiro
Psicóloga Perinatal





AMOR INCONDICIONAL NA MATERNIDADE EXISTE?
18 de Junho de 2013




Sempre ouvimos e vemos referências à incondicionalidade do amor materno.
Mas, o amor materno é mesmo incondicional?
Incondicional: Não sujeito a condições; absoluto, irrestrito. (minidicionário Aurélio)
Então, vou colocar aqui uma pulguinha atrás da orelha de cada um...
Essa tal incondicionalidade direciona nosso pensamento para uma forma macrocósmica de visualizar a maternidade: aconteça o que acontecer as mães, amam seus filhos, e pronto.
Mas a incondicionalidade, em um universo microcósmico, nos leva a refletir sob outro ângulo.
O amor que colocamos na relação com os filhos é o amor possível. Perfectível, mas ainda a caminho, não pode se manifestar incondicionalmente. Ele revela nossa sombra, é atravessado por ela.
A sombra são aspectos emocionais que revelam nossas dificuldades, limites, emaranhamentos e, ao mesmo tempo o caminho a ser percorrido, o caminho da luz!
A relação vivida na maternidade revela nossa sombra quando não podemos aceitar, aprovar, concordar, permitir as “contra investidas” colocadas pelos filhos.
Não toleramos certos comportamentos, por exemplo, porque eles trazem à tona emoções ligadas a elementos que não resolvemos, que não elaboramos.
Exemplo clássico: o filho apresenta a namorada e a mãe não consegue aprovar, faz um movimento sabotador, dificulta a situação, não pode ver uma qualidade na garota, que seja ... e por aí vai.
Esse é um comportamento amoroso?
Hum, só se for de amor próprio! Rs
Se pudesse olhar para o filho integralmente, acessar a importância do momento para ele, para seu autodesenvolvimento, essa mãe aceitaria a presença dessa outra mulher na vida do filho, daria passagem, deixaria que ele vivesse a sua experiência, etc...
Mas, são as suas dificuldades em lidar com a situação que levam à condicionalidade e á restrição.
O mesmo ocorre com uma mãe diante de um bebê demandante, cujo pedido ela não está conseguindo decifrar e atender. Ela pode se irritar, gritar, negligenciar porque está diante da SUA dificuldade. O bebê não está esperando essa reação da mãe, mas ela dá aquilo que é possível; neste momento: cansaço e irritação. Estamos novamente diante da condicionalidade.
Sei que o assunto é polêmico diante de uma cultura do amor materno incondicional, mas precisamos olhar para o fato de que amamos nossos filhos, mas com condições!
E para amar melhor, é fundamental olhar para a nossa sombra e para o amor possível, pelo menos no momento.
Toda relação amorosa está pautada neste mesmo princípio, o da condicionalidade.

Agradeço a leitura!
Abraço e até...



A culpa está no anexo
Maio de 2013



Se há uma condição que nasce junto com a maternidade, é a culpa!

Uma espécie de anexo, cujo teor está mais para viral do que reparador.

A culpa está a serviço de que? De quem?

Penso que há um desvio... sim, quando estamos na culpa estamos desviadas do foco, perdidas no caminho, inseguras...
É aquele espaço de dúvida que permite questionamentos carregados de tristeza, medo e arrependimento.


Questionamentos saudáveis que promovam aprendizado e evolução podem compor uma forma de conexão com os filhos que, aliás, é o que eles mais precisam: uma mãe conectada e não uma mãe perfeita! Eles precisam uma mãe real!

Não existe perfeição em nada nesta vida, por que nos colocamos na maternidade através desta forma tão cruel, tão irreal?

Bem, em parte porque estamos carregadas do nosso desejo de ter em nossas mães essa tal perfeição, uma mãe capaz de satisfazer todos os nossos desejos e necessidades, naquele exato instante.

Sim, estou falando das nossas expectativas como filhas, que atravessam nossa maternidade de forma determinante e não menos cruel. Levamos para a nossa maternagem aquilo que recebemos, vivemos e, principalmente, o que não vivemos quando fomos maternadas.

Projetamos aquilo que não recebemos, e quando nos tornamos mãe vemos que realmente não é possível prover os filhos de todas as maneiras, onipresentemente.

Não, não estamos presentes o tempo todo, não estamos conectadas o tempo todo, não enxergamos tudo, não somos essa fonte irrepreensível de cuidados!
Diante disso: a dor! De frente para a falta que vivemos e da falta que fazemos nossos filhos viver, doemos!

Esse sentimento de que temos que estar na perfeição também impede nossos filhos de buscarem a própria vida. Quando não podemos prover seus desejos, ou ouvir seus pedidos, eles precisarão recorrer às próprias forças para satisfazê-los ou para se fazerem ouvir.

Esse viés é muito importante e penso ser o centro das questões relacionadas à culpa materna: até onde devemos prover e a partir de onde devemos dar o espaço da busca? 

Grande exercício da maternidade... saber o nosso lugar, restringir nossas ações de modo que elas sejam “maternantes”, mas também propiciadoras do crescimento dos nossos filhos.

O melhor mesmo é estar consciente desta condição, elaborar nossos limites e escolhas buscando ampliar nossas possibilidades. Caminhar pela maternidade da forma que é possível, alinhando com nossos filhos que a falta é parte da vida, pois um dia eles também terão que elaborar as suas faltas.

A maternidade precisa ser um projeto de vida, pois requer dedicação e muito cuidado, precisa ser vista como um processo de autoconhecimento, de autoeducação, de possibilidades, mas também de contato com nossos limites mais íntimos.

Abraços...

http://www.tudodebebecampinas.com.br/2013/05/a-culpa-esta-no-anexo.html



A ansiedade dos oito meses




Compreendendo os bebês: a ansiedade dos oito meses.

Por volta dos oito meses, o bebê vive uma espécie de crise.
Nesta fase, o bebê insere-se em uma nova etapa do desenvolvimento marcada por uma mudança intensa em sua personalidade e seu comportamento. É a chamada ansiedade dos oito meses.

Provavelmente a mãe percebe a mudança, mas não tem a compreensão da dinâmica emocional que está por trás dela.

O que acontece com os bebês neste momento de crise, trazendo mudanças comportamentais significativas, inclusive para a relação entre ele, a mãe e as demais pessoas?

Quando o bebê nasce não tem possibilidades de atribuir à mãe um “significado personificado”, quer dizer que o bebê não sabe que suas necessidades são atendidas por uma pessoa, e mais, que aquela pessoa é a mãe. É preciso que haja um processo permanente de cuidados e atendimento às demandas do bebê para que ele amadureça e possa perceber, e distinguir, que existe alguém provendo suas necessidades.

No início o bebê estabelece uma relação sensorial com o mundo, ainda não construiu relações afetivas, com significados. Aos poucos ele e a mãe constroem uma relação afetiva, baseada na segurança e confiança. Então, ao sentir o desconforto da fome, por exemplo, o bebê é saciado e o desprazer trazido pela sensação física da fome desaparece; a mãe passa a ser esse objeto permanente de provimento e afetividade.

Assim, ele distingue o rosto da mãe e lhe atribui um significado e um lugar único entre as demais pessoas. Esse processo se estabelece durante os primeiros três meses de vida do bebê. Processos relacionados à memória e à afetividade conferem à mãe um atributo especial, o vínculo.

Dado o estabelecimento deste processo, é natural que o bebê rejeite algum contato com pessoas estranhas. É isso que ocorre por volta dos oito meses, o bebê sente-se inseguro no contato com outras pessoas, pois não estão igualmente vinculados como está com a mãe ou, agora, com outras pessoas do seu convívio.

Ele já não sorri prontamente quando um estranho se aproxima. As mais variadas formas de demonstração de ansiedade e apreensão são demonstradas; o bebê pode chorar,  gritar ou querer se esconder. A recusa ao contato com o estranho é o comportamento característico desta fase, há uma rejeição carregada de alguma forma de ansiedade. É uma reação natural onde a criança responde à ausência da mãe com desprazer, é como ela sentir-se deixada pela mãe. Há um sentimento de frustração diante do seu desejo de ter a mãe.

Em termos de desenvolvimento, apesar das mudanças comportamentais, esta fase indica que a criança pode manifestar suas necessidades. E isso é muito bom!

A importância de compreender a ansiedade dos oito meses está no fato dos adultos poderem dar continência aos sentimentos do bebê. Oferecer segurança e não abandoná-lo diante de suas angústias, confere ao bebê a possibilidade de ultrapassar essa fase rumo ao seu desenvolvimento.

Abraço...

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Ser pai, ser mãe: crise e renascimento
09 de abril de 2013



Quando nos tornamos pais, temos a impressão de que passamos a viver no centro de um tornado.
Os acontecimentos, as demandas, o fracasso e o sucesso parecem nos carregar involuntariamente!
Mal podemos cuidar de nossas questões e quando nos damos conta, nos colocamos no papel mais intenso da vida que é receber e cuidar de um filho.
Escolha consciente ou inconsciente que nos coloca diante de uma crise!
Crise vista, sinal de amadurecimento; quando não, sinal de que não estamos podendo viver essa tarefa com consciência e discernimento.

Onde termina a minha demanda e onde começa a do filho? O que é meu e o que vem dele? É possível fazer esse processamento?

Pronto: estamos diante da crise trazida pelo papel de tutelares, cuidadores, pais...

Renascimento à vista!

A possibilidade de renascermos vem da possibilidade de olhar para os limites. E se há uma condição que nos coloca honesta e verdadeiramente diante dos nossos limites é a maternidade e a paternidade.

Buscar esse enfrentamento, estar disponível para aprender com o limite e a frustração, é para poucos, os corajosos pais e mães que descobriram que não estão no controle.
Incoerentemente a vida nos coloca como comandantes e, ao mesmo tempo, nos diz que não estamos no controle absoluto da nau. Tempestades, sol brilhando e uma indescritível vontade de continuar, de não abandonar definitivamente a embarcação, sim, ás vezes desejamos abandonar...

Que loucura é essa que coloca um bebê completamente dependente de nossos cuidados, porque ele não sobrevive sem eles, e depois nos diz que devemos torna-los autônomos, e nós, dispensáveis...

Ninho vazio, sensação de ter que retomar a própria vida sem eles, depois de dispor de anos e anos dessa mesma vida aos filhos e quase integralmente.
Eles, os filhos, ocupam impiedosamente uma grande parcela da contabilidade e da logística da vida física, emocional, econômica, espiritual... e cronológica! Seríamos capazes de contabilizar no relógio da vida o tempo, senhor de tantas coisas na atual vida louca que levamos?
E depois eles se vão...  na melhor das hipóteses!
Como se reencontrar? – outra crise!  Outro renascimento!
Crise e renascimento, medos e vitórias – essa é a questão dos pais.

A busca: encontrar sentido em si mesmos, em suas escolhas, e encontrar na vida com os filhos o prazer e a lição de que estamos sob a lei da evolução, ainda que a dor faça parte, ás vezes, desse processo.

Abraço fraterno!


A cólica do bebê

                                                    01 de abril de 2013



As cólicas do bebê geram muita angústia nos pais por não saberem como lidar com elas.  O sentimento de impotência dos pais faz com que eles pensem que têm que fazer alguma coisa, e se o bebê não se acalma, sentem-se culpados.





A maioria dos bebês apresentam as cólicas, geralmente surgem no final do primeiro mês e ainda no primeiro trimestre tendem a desaparecer em função da aquisição de certo grau de amadurecimento físico do bebê e da adaptação realizada pelo ambiente, que se torna menos tenso.

Causas:

·         Gases: a digestão ainda é difícil e passa por um processo de amadurecimento.
·         Ar ingerido: por uma pega incorreta durante a amamentação. Bebês mais ávidos precisam da atenção da mãe para uma pega que não favoreça a ingestão de ar.
·         Ambiente tenso/mãe ansiosa e tensa: favorece a agitação do bebê.
·         Bebê agitado e ansioso: tem mais espasmos no estômago e contrações musculares, o que dificulta ainda mais a digestão, facilitando a formação de gases.
·         Excesso de estímulos: bebês sentem-se irritados diante de muitos estímulos, e a nova condição de pós-parto já desencadeia uma importante alteração ambiental. 

Como lidar

·         Buscar interromper o ciclo tensão-espasmo-cólica.
·         Olhar e acolher o temperamento do bebê: bebês mais agitados têm maior dificuldade em serem consolados, acalmados.
·         Paciência e calma: os pais costumam ficar muito cansados diante das cólicas, pois há uma demanda de continência muito grande do bebê. Os pais podem buscar alternar os “plantões” diante das crises de cólica, pedir ajuda da sua rede de apoio (amigas, avós, etc.) e ter consciência de que é uma fase, e de que eles e o bebê precisam estar pacientemente conectados para enfrentarem, juntos, os episódios das cólicas.  
·         Preparação é fundamental: pais que são cuidados têm melhores condições de cuidar; é comum que os bebês apresentem os episódios de cólica em um determinado período do dia, muitas vezes ocorrem no final da tarde para o início da noite. Os pais podem se organizar de modo a ficarem preparados para o momento da cólica: estarem alimentados, de banho tomado (auxilia no relaxamento), cuidarem para que o ambiente fique mais silencioso e fisicamente mais organizado, inclusive para que eles, os pais, sintam-se mais calmos.
·         Cuidar para que o bebê não esteja super estimulado com sons, luzes, mudanças de ambiente, temperatura e na rotina de sono.
·         Aninhar o bebê aquecê-lo, massageá-lo, mantê-lo próximo do corpo dos pais, conter com tranquilidade os espasmos, oferecer o peito... manter o olhar no bebê senti-lo.

As “técnicas” para acalmar um bebê em cólicas são paliativas, pois não há soluções ou remédios que deem conta da situação efetivamente, o que não pode faltar para pais e bebês é conexão e calma!

Abraços fraternos!

Até a próxima!! 


Rosângele Monteiro - Psicóloga Perinatal
Psicóloga licenciada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (1994). Atendimento à gestante (Puccamp). Terapia Sistêmica Familiar. Formação em Psicologia Perinatal pelo Instituto Gerar (SP). Curso de Aprimoramento “Educadores de Crianças de 0 a 3 anos”.
Trabalha com grupos de gestantes, pré-natal psicológico e acompanhamento no pós-parto. Desenvolve os Programas: "Cuidados Mãe-Bebê-Família" e "Mães Profissionais" na Clínica Essencial em Valinhos/SP.
Orientadora de pais. Consultora em Educação Infantil e idealizadora do "Projeto Cuidando de quem cuida" para educadores infantis.


E-mail para contato: rosangelemonteiro@hotmail.com
Telefones: (19) 3871 0323 e (19) 9332 7175
Site: www.rosangeleprado.blogspot.com
www.facebook.com/NinhoMaterno
http://www.tudodebebecampinas.com.br/2013/03/a-colica-do-bebe.html






De onde vem a Depressão Pós-Parto?

13 de Março de 2013


Olá!


A Depressão Pós-Parto (DPP) é uma manifestação psíquica cada vez mais frequente, e tem sido mais bem compreendida não apenas pelos profissionais que cuidam da díade mãe-bebê, mas pela população em geral.

Cerca de 10% das mulheres desenvolvem a DPP; ela pode manifestar-se durante o primeiro ano após o parto.

Mas o que está por trás da DPP?

Quando uma mulher desenvolve a DPP não quer dizer que ela seja uma mulher fraca ou que esteja com “frescuras”. Há todo um contexto, o que podemos chamar de fatores de risco, que traz um sentido para o desenvolvimento da DPP na vida daquela mulher.

CRISE: O puerpério, que corresponde ao período logo após o parto, é propenso a crises devido às mudanças físicas e emocionais vivenciadas pela mulher desde a gestação. Crise é uma experiência de mudança intensa, e não necessariamente uma mudança ruim.

LUTO: Experiência de elaboração diante da “perda” da vida anterior ao parto, “perda” do bebê em seu ventre e “perda” da condição de gestante.

HISTÓRICO DE VIDA PESSOAL E FAMILIAR: Existência de episódios depressivos em outras fases da vida; história de relacionamentos e vínculos afetivos. Dificuldades na relação com a figura materna.

PERSONALIDADE: O sentido dado às experiências é pessoal, único. Vivências inconscientes.

REGRESSÃO: Há um estado regressivo, infantilizado, comum nesta fase, a mulher “regride” a fases anteriores, até para identificar-se com o bebê e poder atendê-lo.

MUDANÇAS BIOQUÍMICAS: Logo após o parto há uma intensa descarga de hormônios.

AMBIENTE: Quando é pouco continente às experiências da mulher, desvalorizando seus sentimentos. Ambiente crítico e hostil.

FALTA DE REDE E APOIO: Não ter uma rede de pessoas, ou estrutura, que dê à mãe condições favoráveis à maternagem.
DEMANDAS DO BEBÊ: Imersa nos intensos cuidados com o bebê a mulher pode ter uma sensação de não conseguir recuperar sua vida pessoal, sua identidade. E ainda a própria relação mãe-bebê, o comportamento do bebê e seu desenvolvimento. 

CRISES CONJUGAIS: Sentimento de solidão, incompreensão e falta de apoio do companheiro ou pai, fundamental nesta fase.

CULPA: Por sentir tristeza, insatisfação e dificuldade após o parto.

MEDO: A mulher teme não conseguir assumir as responsabilidades de mãe, a função materna. Teme não dar conta do novo papel. Teme a volta ao trabalho e ter que deixar o bebê aos cuidados de terceiros.

Como vemos, são muitos os “motivos” que podem levar uma mulher a desenvolver a DPP, todos precisam ser olhados, respeitados e cuidados.

Abraço e até a próxima!




Rosângele Monteiro - Psicóloga Perinatal
Psicóloga licenciada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (1994). Atendimento à gestante (Puccamp). Terapia Sistêmica Familiar. Formação em Psicologia Perinatal pelo Instituto Gerar (SP). Curso de Aprimoramento “Educadores de Crianças de 0 a 3 anos”.

Trabalha com grupos de gestantes, pré-natal psicológico e acompanhamento no pós-parto. Desenvolve os Programas: "Cuidados Mãe-Bebê-Família" e "Mães Profissionais" na Clínica Essencial em Valinhos/SP.

Orientadora de pais. Consultora em Educação Infantil e idealizadora do "Projeto Cuidando de quem cuida" para educadores infantis.

E-mail para contato: rosangelemonteiro@hotmail.com

Telefones: (19) 3871 0323 e (19) 9332 7175
Site: www.rosangeleprado.blogspot.com
www.facebook.com/NinhoMaterno



O lugar do pai, o lugar da mãe: o apoiador e a protagonista.

28 de fevereiro de 2013


Olá!

Este é meu primeiro post como colunista, e pensei em trazer um tema que considero ser muito importante para a formação e estabelecimento da família, especialmente porque traz uma consciência acerca dos papéis parentais.




Quando uma família fica diante da notícia de que vai receber um filho, inicia-se um processo gradativo, mas intenso, de mudança e reposicionamento familiar.

A mãe passa a vivenciar mudanças físicas e emocionais que trazem a confirmação: “sim, estou grávida, vou ser mãe!”.  Aos poucos, a mãe sente a maternidade se materializando no corpo e na alma. Assim, ela vai se preparando, cuidando das demandas que a maternidade traz dentro do que é possível para ela, no seu tempo... É o seu processo, único!

O pai não experimenta mudanças físicas como a mãe, pode, ao se identificar com a mulher, viver algumas mudanças no seu corpo, mas o trabalho físico da mãe é só dela, individual. 

O pai então aparece como apoiador, esse é o papel que o pai precisa assumir desde então. Ele não sente os enjoos, por exemplo, mas pode prover meios da mulher ter seus sintomas aliviados acolhendo e oferecendo sustentação à sua experiência.

A mãe vive um trabalho interno muito intenso que convida a uma experiência de acomodação, de recepção e de cuidado do bebê. 

O homem pode buscar meios de entender e acolher o que está acontecendo no mundo interno da família, mas a ele cabe o trabalho externo de apoio e provimento, físico e emocional.

Esta tarefa do homem não é fácil, às vezes ele busca compreender e atender ás demandas advindas da maternidade, mas ele não sabe muito bem como fazer isso, pois o processo não é dele, e não entende muito bem como ajudar. O pai não pode viver as experiências maternas, mas pode e deve apoiar...

É neste dilema fundamental da família que a mulher precisa cuidar de dar espaço e legitimar a presença e o papel do pai...
É provável que ele não dê exatamente o que ela espera, pois as expectativas são projeções que colocamos em nossos relacionamentos. Ela precisa ser clara em suas necessidades e falar de suas expectativas para dar a possibilidade de tê-las assistidas, ou não...

O pai é aquele que sustenta emocionalmente a mãe para que ela viva a maternidade, desde a gestação, o pós-parto e as fases iniciais da vida com filhos. Um pouco mais além, o pai vai assumir o seu protagonismo, é outra fase, e a mãe precisa dar passagem.

Há um tempo de protagonismo da mãe, e há outro de protagonismo do pai.
A mulher constrói a maternidade durante a gestação a partir das experiências vividas no corpo, que repercutem em uma construção emocional. O homem torna-se pai quando toma o filho nos braços, materializando a paternidade.

Quando o casal torna-se pai e mãe, é fundamental que olhe para os novos papéis: além da parceria como casal, agora são parceiros na tarefa de receber, acolher e cuidar dos filhos.
Essa mudança precisa ser cuidada, refletida, conversada entre o casal.

Trata-se de um alinhamento muito importante, cujos benefícios serão percebidos na vida emocional dos filhos e do casal, que precisa se manter como casal para assumir os papéis parentais.
 O núcleo da família está no casal, é dali que tudo parte.

Abraço fraterno e até a próxima!

Rosângele Monteiro 
Psicóloga Perinatal
Gestantes, Mãe-Bebê-Família
Adolescentes, Casais e Famílias

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