domingo, 19 de maio de 2013

Estresse em bebês e crianças

O que observar, como detectar, o que fazer?


Durante uma consulta, os pais de uma criança comentaram: “Ultimamente, meu filho se incomoda com tudo, irrita-se com qualquer situação que o desagrade e estamos muito preocupados. O que podemos fazer”?
Essa pergunta me levou a questionar se esse tipo de manifestação não seria um sintoma de estresse infantil. No entanto, primeiro é preciso definir o que é estresse e os sintomas que bebês e crianças podem apresentar.

O estresse é uma resposta automática e natural do corpo diante de uma experiência ou situação que produza surpresa, medo ou ameaça.

Também pode ser definido como uma forma de reação a algo que supera os limites habituais de tolerância, como o excesso de atividades ou de estudo, a falta de sono ou de descanso, ou algum fato traumático.

A característica específica, que transforma um fato ocasional em uma situação de estresse, é seu tempo de duração.

Por isso, é necessário diferenciar uma situação ou uma crise natural, produto de um fato isolado e concreto, de um estado já estabelecido.

A criança pode se alterar ou ter uma reação exagerada diante de um fato imprevisível, como uma queda, um grito, uma atividade especial que esteja realizando ou uma vivência desagradável. Mas se ela passar a demonstrar essa reação intensa diariamente, ela deixa de ser um comportamento de alerta, proteção ou resguardo para um estado que produz mal-estar permanente. Uma mudança abrupta sempre exige adaptação e tempo.

Os pais devem observar atentamente certas alterações de comportamento e expressões corporais. Elas indicam que algo não vai bem e são mais comuns do que se imagina.

Além de manifestações explosivas, outros comportamentos podem indicar que a criança está sob estresse. Os pais devem ficar atentos aos sinais de introversão excessiva, em que a criança se mostra mais insegura e vulnerável do que o normal.

Alguns indícios de estresse que você pode observar em seu filho:

- Irritabilidade.
- Falta de apetite.
- Dor de cabeça.
- Distração na escola.
- Incômodo ou mal estar físico constante.
- Falta de concentração nas tarefas.
- Irritação permanente e pouca tolerância aos limites.
- Perder o interesse por uma atividade que antes apreciava muito.
- Sono inquieto.
- Episódios reiterados de fúria ou agressividade.
- Parar de brincar, tristeza constante.

Esta são algumas das condutas que podemos observar na vida cotidiana de um bebê ou criança que atravessa um momento ou período de tensão ou estresse excessivo.

O que fazer?

Primeiro, os pais devem perguntar à criança se algo está acontecendo em casa ou na escola, se está preocupada com alguma coisa, se deseja comentar sobre algum fato e se há alguma forma de ajudá-la. Se a criança for nova demais para responder a essas perguntas, observe atentamente suas reações. Esse é um primeiro passo para encontrar as respostas. Os pais logo perceberão se o problema pode ser resolvido facilmente ou se será necessário consultar um especialista.

Algumas crianças precisam da presença e da proximidade dos pais, outras de um contato físico mais constante, embora possam precisar de algum tempo para si. Mesmo que se isole no quarto, a criança deve saber que seus pais estão por perto para oferecer seu apoio incondicional, respeitando seu estado emocional nesse momento.

Causas do estresse: exigências múltiplas, pouco descanso, questão personalidade ou tentativa de chamar a atenção?

O importante é não buscar culpados, mas responder a essa pergunta com responsabilidade, e observar hábitos e rotinas familiares para detectar a origem do comportamento da criança.

É fundamental verificar se houve alguma mudança ou uma nova situação dentro de casa, no jardim da infância ou escola, que possa ter provocado as alterações de comportamento.

Em geral, a forma como as crianças expressam os afetos é bastante original, própria e autêntica. Pela idade, nem sempre conseguem se expressar claramente com palavras, mas sempre revelam algum sinal, e se os pais estiverem atentos, o estresse pode ser detectado a tempo.

Como ajudá-las?

Às vezes, uma consulta pode ajudar a orientar a família e os profissionais da escola a visualizar as necessidades da criança. Analisar se a instituição é adequada, dar-lhe mais tempo para que se adapte às mudanças e ampliar a disponibilidade dos pais também podem ajudar.

Durante as consultas com pais e crianças, observei diferentes situações de vida que afetam mais as crianças do que supomos.

Algumas situações que podem produzir estresse infantil:

-Mudanças de escola
-Mudanças na rotina
-Nascimento de um irmão
-Separação dos pais ou brigas constantes em sua presença
-Violência psíquica ou física contra si mesma ou algum membro da família
-Uma cirurgia não programada ou comunicada com antecedência
-Viagem de um dos pais
-Doença ou perda de um parente próximo (avós, tios) etc
-Excesso de atividades e/ou responsabilidades
-Agenda cheia e pouco tempo livre
-Clima familiar ruim (discussões)
-Momentos prolongados de saudade
-Ser incomodado por crianças mais velhas
-Demorar demais para realizar uma tarefa ou conquistar um objetivo
-Sentir-se humilhado ou ridicularizado em classe.
-Pressão na época de provas
-Entrega de boletins e comunicados para os pais.
-Perda ou quebra constante de objetos pessoais.
-Incômodos em relação à aparência (como usar óculos)
-Realizar uma atividade em público (trabalho escolar).

Problemas na escola

Se a criança está estressada, um dos primeiros indícios é o baixo rendimento escolar, por volta dos seis anos de idade. A autoexigência e as expectativas podem contribuir para que se sinta pressionada.

Ser um bom aluno não é o mesmo que ser um bom filho, e os pais devem se perguntar o que estão pedindo que seus filhos aprendam e se estão sendo muito exigentes ou não. Cada caso é um caso, e cada filho é único e diferente. A primeira providência é observar as rotinas e hábitos da criança;avaliar se está sobrecarregada e se, apesar de levar uma vida tranquila, sente-se pressionada por um alto nível de exigência.

- Observe as reações diante das frustrações.
- Verifique se a criança já não sente segurança para fazer coisas que antes fazia com prazer.
- Ajude-a a prever situações potencialmente estressantes
- Ensine-a a pedir ajuda diante de uma situação com a qual não consegue lidar.
- Ensine-a a confiar em um adulto de referência: pai, mãe, professora, avós.
- Ajude-a a expressar seu mal-estar e a não guardar nada por medo da reação alheia.
- Ajude-a a reconhecer suas emoções e a colocá-las em palavras, para transmitir o que sente de forma clara.
- Ensine-a a não se sentir pressionada a reagir excessivamente a tudo.

Cada bebê e cada criança, com sua história e sua forma particular de expressão, mostrará quais são suas necessidades.

Se os pais estiverem atentos, podem ajudar a criança a superar ou a reparar possíveis situações complicadas antes que produzam estresse ou danos a longo prazo, possibilitando que aproveite a infância da melhor maneira possível.

Muitas vezes, um sintoma típico de estresse, como a irritabilidade permanente, pode indicar um sentimento de tristeza que não foi detectado ou expressado corretamente pela criança no momento em que aflorou, fazendo com que apresente um estado constante de aborrecimento ou insatisfação.

É sempre bom ensinar a criança a expressar em palavras o que está sentindo a cada momento.

As palavras curam, acalmam e ajudam a criança a transformar uma situação instável e desconhecida em algo real e palpável, possível de ser superada tanto pela criança como por toda a família.


Lic. Alejandra Libenson
Psicóloga e Psicopedagoga
Especialista em Educação, Criança e Infância
Autora do livro “Criando hijos, Creando personas”
www.criandohijoscreandopersonas.wordpress.com
Fonte: http://discoverykidsbrasil.uol.com.br/pais/artigos/estresse-em-bebes-e-criancas/

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Grupos para Mães



Toda mulher que passou pela experiência de receber um filho, conhece a natureza das intensas mudanças que acabam por reeditar e redefinir o seu papel familiar, profissional e pessoal.
Estes grupos têm o desejo de oferecer um espaço de continência, de acolhimento à essa nova mulher-mãe.
Além disso, receberão informação, orientação e troca de experiências.
As mulheres-mães precisam de apoio e conscientização para vivenciarem a maternidade de maneira plena e realizadora.
Se você conhece alguém que está vivenciando este momento, ofereça apoio!




quarta-feira, 8 de maio de 2013

Vínculo afetivo entre pais e filhos: como ele acontece.


                                      

Vínculo é a condição que humaniza o ser humano, e este se instala psiquicamente através do vínculo. Isso quer dizer que sem vínculo não nos tornamos um ser de relações e afetivo.
O vínculo é a ligação que fundamenta a relação entre pais e filhos; os pais tornam-se referências para os filhos, pois dão sentido à sua existência, legitimam e atendem suas demandas físicas e emocionais e o resultado é o estabelecimento da confiança e da segurança.
É através do vínculo que o ser humano acredita que pode confiar na vida, nas pessoas e ter sobre “as faltas” uma convicção de que elas podem ser superadas, preenchidas.
Quando o bebê nasce, ele passa a viver esse componente da falta, já que no útero materno tem condições de vida que o mantém plenamente atendido. Depois do nascimento entra em contato com o desconforto da dor da fome, do frio, do barulho, entre outros. Na medida em que as figuras de referência o atendem nestas condições adversas, elas se vinculam ao bebê e este, então, vai construindo uma relação baseada na confiança e na segurança.
Esse processo se desenvolve durante os três primeiros anos de vida, mas é no primeiro ano que há a sua fundamentação; sua construção ocorre diante da afetividade, da estabilidade, da durabilidade e da honestidade (verdade).

É a partir deste princípio que orientamos os pais, ou cuidadores, sobre a importância dos cuidados com o bebê.
O vínculo vai tornando-se possível através do cuidado que circula na relação entre pais e bebês e como, com que qualidade, o bebê é contido em suas necessidades individuais.
Há um preparo biológico para o vínculo. Por um lado a mãe é equipada de hormônios para ser sensível às demandas do bebê, e por outro lado o bebê tem, através dos seus sentidos, uma condição que o dispõe ao apego.
Afetivamente o vínculo é alimentado pela atenção, reciprocidade e cumplicidade entre os pais/cuidadores e o bebê.
As dificuldades relativas aos processos de vinculação estão relacionadas às condições afetivas de cada um dos lados desta relação, tanto por parte dos pais quanto por parte do bebê.
As características de cada um, a história de cada um, a experiência vincular de cada um dos pais, a relação conjugal, as dificuldades profissionais e a história do desejo por esse filho além das condições do parto, atravessam e influenciam o vínculo; são os indicadores de risco.
Estes indicadores apenas fazem referências ao vínculo possível, apontando para um entendimento das condições que podem caracterizar o vínculo daqueles pais com aquele bebê, é a história de cada núcleo familiar.
Assim, podemos entender que há uma construção, trabalhosa e silenciosa, dos afetos dentro da família.
O amor é construído, não necessariamente nos apaixonamos por nossos filhos instantaneamente, assim que o encontramos fora do ventre.
Essa teia afetiva e amorosa, às vezes angustiante e amedrontadora, é confeccionada pouco a pouco, na medida da possibilidade de cada um, única e intransferível.
Abraço fraterno!




Rosângele Monteiro - Psicóloga Perinatal

Psicóloga licenciada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (1994). Atendimento à gestante (Puccamp). Terapia Sistêmica Familiar. Formação em Psicologia Perinatal pelo Instituto Gerar (SP). Curso de Aprimoramento “Educadores de Crianças de 0 a 3 anos”.
Trabalha com grupos de gestantes, pré-natal psicológico e acompanhamento no pós-parto. Desenvolve os Programas: "Cuidados Mãe-Bebê-Família" e "Mães Profissionais" na Clínica Essencial em Valinhos/SP.
Orientadora de pais. Consultora em Educação Infantil e idealizadora do "Projeto Cuidando de quem cuida" para educadores infantis.

E-mail para contato: rosangelemonteiro@hotmail.com
Telefones: (19) 3871 0323 e (19) 9332 7175
Site: www.rosangeleprado.blogspot.com

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