segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Culpa Materna

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Você se sente culpada em relação aos filhos? Saiba que não está sozinha. O sentimento é comum a todas as mães zelosas, mas é possível, sim, conviver com ele de forma saudável.
O nascimento do bebê desperta o instinto maternal e, com ele, vem a... culpa! Esse sentimento incômodo não deixa incólume nem as mulheres que se dedicam 24 horas aos seus rebentos. “Meu filho está muito apegado, será que sou presente demais?”, questionam. A coisa só piora quando elas têm de se dividir entre casa e trabalho. “Sou muito egoísta porque penso em carreira enquanto meu bebê precisa de mim”, punem-se. Se entram na equação lazer, hobbies e outros interesses pessoais,então,a coisa fica feia. E vem o exagero: “Sou uma péssima mãe porque deixo meu filho uma vez por mês com a avó para almoçar com minhas amigas.” O fato de esse mal-estar ser comum a todas as mulheres que têm filhos não significa, porém, que um esforço para controlar a culpa seja desnecessário ou em vão. Pelo contrário. É possível, sim, viver a maternidade de maneira mais tranquila. E um dos primeiros passos é identificar as origens de tanta culpa.
A mais antiga delas vem do que os psicanalistas costumam chamar de “herança intergeracional”, ou seja, a ideia para lá de caduca de que mulheres nasceram para serem mães e cuidarem da casa, da família. Só isso. Uma bobagem tremenda, mas que persiste no subconsciente feminino. Em geral, é por causa dela que você se pega questionando se o emprego não está ocupando lugar demais em sua vida mesmo que tenha feito a opção de trabalhar meio período para poder se dedicar ao bebê.
 É essa noção de que as mulheres nasceram exclusivamente para a maternidade também que
 incomoda quando você decide deixar os filhos com a babá para sair com o maridão, ou quando
 resolve ler um livro em vez de arrumar o material escolar  das criança.
E não para por aí. “Outra grande fonte de culpa é uma fantasia onipotente, a ideia de que é possível 
dar conta de tudo e  com perfeição”, afirma a especialista em psicopatologia do bebê, Maria Cecília 
Pereira da Silva, membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo. Funciona mais ou 
menos assim: em 24 horas, você tem que ser sensível aos sinais de desamparo do seu filho, garantir 
que a empregada e a babá atendam a todos os seus comandos, manter o mesmo ritmo de produção
 no trabalho que tinha quando era solteira (ou ainda aumentar), estar linda e sexy, namorar, dormir oito 
horas e acordar animadona para correr na esteira. Ou: já que decidiu dar um tempo na carreira para 
cuidar da cria, vai ter que amamentar até os dois anos, no mínimo, cozinhar todas as refeições dos
 seus filhos com ingredientes orgânicos escolhidos a dedo por você mesma, construir brinquedos 
artesanais, contar histórias interessantíssimas que inventou, colocar o bebê para dormir todas as
 noites e por aí vai... “As mulheres estão adoecendo com suas expectativas de perfeição”, escreveu 
Karen Kleiman, fundadora e diretora executiva do Centro de Stress Pós-parto dos Estados Unidos
 no artigo Guilty, Mothernhood and the Pursuit of Perfection (Culpa, Maternidade e a Busca pela
 Perfeição, em português).

Está claro que, na maioria dos casos, a culpa é parte de uma armadilha que criamos para nós 
mesmos. Mas tal sentimento também tem uma função benéfica. Ele serve de norte para nos 
ajudar a avaliar se estamos agindo da forma que julgamos correta. “A culpa é uma expressão de 
maturidade psíquica, emocional”, diz a psicanalista Belinda Mandelbaum, coordenadora do 
Laboratório de Estudos da Família do departamento de Psicologia Social e do Trabalho da 
USP. “Ela é sinal de que somos responsáveis por aquilo que fazemos com o outro.” Ou seja, a 
culpa faz parte da vida de quem zela pelos filhos. Uma atitude saudável, portanto, é usar o 
sentimento como um instrumento diário de aperfeiçoamento da vida em família. Ao menor sinal 
de culpa, pare, avalie a situação e deixe o instinto agir.

Veja abaixo algumas das situações mais comuns em que a culpa aparece e
 saiba como lidar com ela da melhor maneira possível. 



Trabalho fora e, por isso, tenho que deixar meu bebê com a babá, com a avó 
ou em uma creche

Bebês pequenos que ficam separados por muitas horas ininterruptas das mães podem, sim, ter 
algum prejuízo emocional. Isso porque, devido à imaturidade psíquica, não têm condições de saber 
que a mãe voltará, o que causa uma sensação de desamparo profundo. Isso não significa que toda 
mulher que resolveu ter filhos deve parar de trabalhar até que a criança cresça. Muito pelo contrário. 
Para algumas, continuar ativa profissionalmente garante que volte para casa mais feliz e disposta a 
atender os rebentos. Alguns ajustes, porém, são inevitáveis depois que um bebê nasce. Talvez 
seja necessário trabalhar menos horas, trazer o escritório para dentro de casa ou dar uma 
escapadinha na hora do almoço para dar um “oi” ao filhote. Se nada disso for possível, garanta 
que seu tempo com a criança seja de qualidade. Como aconselha Maria Cecília: “Ao final do 
expediente, antes de começar os afazeres domésticos – dar comida, banho, colocar para 
dormir, por exemplo – reserve um tempo para brincar com seu filho. De preferência, escolha
brincadeiras simples que requeiram contato físico, olho no olho. 
Nada de assistir televisão, jogar videogame ou coisa do tipo. Isso ajuda a diminuir a sensação 
de ausência e promove o vínculo.”


Dedico um tempo à academia e a atividades de lazer que eu poderia aproveitar
para ficar mais com o bebê

Viver 24 horas com as demandas de um bebê é muito estressante para qualquer adulto. Por isso, 
reserva um tempo para si é importante. E até mesmo aquelas mães que já passam um período fora de 
casa trabalhando costumam voltar renovadas depois de um almoço entre amigas ou uma aula de ioga, 
por exemplo. O grande problema são os exageros. 
Ninguém vai ficar mais gorda ou estressada se deixar de ir à academia no dia em que a criança está
com febre em casa. 
“Outra situação muito comum hoje em dia é ver pais de bebês com menos de um ano viajarem de férias 
por períodos longos sem seus filhos. Isso não é saudável”, diz Belinda Mandelbaum. A dose de presença 
ideal, porém, não existe. Cada família sabe o quanto é bom.


Não consigo organizar a rotina do pequeno

É verdade que os bebês adquirem naturalmente uma rotina, mas alguns demoram para
 realizar tal conquista. Por isso, muita calma nessa hora. Não é só porque você leu que, 
a partir dos dois meses, um bebê já é capaz de dormir a noite inteira que vai exigir que 
seu filho esqueça a fominha das 3 horas da manhã e fique quietinho até o dia raiar. Talvez
 o seu seja mais faminto e precise, por um tempo maior do que os outros, se alimentar 
durante a noite. E tudo bem. Além do mais, o papel da mãe é muito mais criar condições 
no ambiente para que essa rotina se estruture do que impor hábitos forçados. Isso não
 significa que você não fará nada se seu filho de 2 anos continua acordando a cada duas 
horas, claro. Nem que, todas as noites, você dê um pulinho na casa da amiga com o 
bebê à tiracolo, justo na hora de ele ir para a cama. Mas é útil e saudável reconhecer 
que nem tudo está ao seu alcance.


Meus amigos e familiares me criticam em relação à maneira como cuido
do recém-nascido

Não importa se você está cuidando bem ou mal do seu bebê, as críticas e palpites sempre aparecerão. 
Sempre. E dar ouvido a elas, sobretudo se vierem de muitas pessoas diferentes, 
mais confunde do que ajuda. O melhor nessas horas é seguir o próprio instinto, afinal de 
contas, ninguém conhece melhor seu filho do que a própria mãe. Como adverte a americana
 Karen Kleiman: “As mães precisam saber que é normal seguir seus bons instintos e é normal errar.”


Não posso pagar uma creche/escola de alto padrão

Matricular seu filho em uma escola mais cara não vai fazer de você uma mãe melhor. Garantir que ele 
tenha o melhor que você pode dar, vai. Fazer por ele só o que está dentro de seus 
limites – sim, os seres humanos, até mesmo as mães, são limitados –, vai. Deixar que ele 
saiba que você não pode tudo, mas faz tudo o que pode com carinho e dedicação, também vai!


Nem sempre tenho dinheiro para comprar os brinquedos que meu filho pede

Desista. Você nunca vai dar conta de atender a todos os pedidos de seus filhos. “O desejo das 
crianças é infinito”, diz Belinda. Em vez de se sentir culpada por não poder dar o que querem, 
aprenda a aguentar e conviver com a insatisfação deles. Afinal, elas existirão, sempre. Além disso, 
não poder comprar uma boneca não significa que a criança está condenada a permanecer sem lazer.
Qualquer caixa de papel pode virar um belo brinquedo, basta usar a imaginação. “E ensinar a 
brincar é muito mais importante do que fornecer brinquedos”, completa a psicanalista.


Às vezes, perco a paciência e brigo com meu filho
Atire a primeira mamadeira a mãe que nunca se irritou com os rebentos. Isso acontece com todo 
mundo, é normal e aceitável, desde que você não parta para a violência. Se achar que exagerou e
 bater aquela culpa danada, peça desculpas, conte a ele que você é humana, que erra e que, apesar 
do momento de descontrole, o ama muito, muito, muito.


Não consigo manter a organização da casa como gostaria, depois que o 
bebê nasceu

Primeiro de tudo, quem está cobrando de você uma casa organizada? Segundo: se ainda não percebeu, 
os bebês chegam para fazer uma deliciosa bagunça nas nossas vidas. E isso implica 
em ter umas camas desarrumadas, uns supermercados por fazer, uma pilha de roupas para passar... 
Com o tempo, porém, as coisas se ajustam. Sua casa nunca mais será como era antes, mas poderá, 
sim, ter uma nova ordem.


Não tenho tempo de cozinhar alimentos frescos para o meu filho

É verdade que crianças precisam de uma alimentação cuidadosa, ou seja, composta por ingredientes 
frescos empregados em receitas balanceadas. Mas isso não significa que você é quem deve prover tudo
 isso. Se não tiver tempo de fazer o supermercado ou de ir à feira, peça ajuda ao marido ou recorra às 
compras pela internet. Também não fique presa ao ideal de mãe que encosta o umbigo no fogão todo
 santo dia para cozinhar o menu da família. Se tiver empregada doméstica ou babá, delegue a função a 
elas e apenas supervisione. Se este não for o seu caso, considere contratar uma cozinheira periodicamente 
para preparar pratos que você pode congelar. Lembre ainda que hoje em dia é possível comprar comida
 pronta fresca e de boa qualidade.


Não tive leite suficiente para amamentar meu filho

Ninguém discute o valor nutricional do aleitamento materno nem o seu papel no estabelecimento do vínculo
 entre mãe e bebê. Mas os filhos de mães que, por algum motivo, não puderam amamentar, podem, sim, 
crescer saudáveis. Em vez de fazer um sacrifício diário procurando em seu corpo o que não há, converse 
com o pediatra e, juntos, vocês vão encontrar uma alternativa que supra as necessidades nutricionais do 
pequeno, sem comprometer o desenvolvimento dele.


Tive meu filho por meio de uma cesariana, não um parto normal


É verdade que as cesarianas, no Brasil, têm sido feitas desnecessariamente. Médicos induzem suas pacientes 
a marcar a cirurgia e, ao mesmo tempo, gestantes defrontadas com o medo do parto, das dores, dos 
cortes – o que é absolutamente normal – encontram no procedimento uma saída mais confortável para ter 
seus bebês. Feita essa ressalva, é importante lembrar que a cesariana é um método necessário em muitos 
casos, praticado inclusive nos países que exibem índices altíssimos de parto normal. Além disso, o parto
é um momento importantíssimo na vida da mãe e da criança, mas é só um deles. Haverá muitos outros na 
vida de vocês. 

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Documentário: Babies


Apresenta a gravidez e o nascimento de quatro bebês de países distintos: Mongólia, Namibia, Estados Unidos e Japão. 
Os bebês: Ponijao, Bayar, Mari e Hattie são acompanhados durante dois anos de vida. 
Veja a apresentações de belas e divertidas imagens com os pais e ações do cotidiano.