domingo, 30 de outubro de 2011

Primeira infância - Instituto Fazendo História




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A primeira infância é o momento por excelência da constituição do ser humano. As primeiras relações estabelecidas na vida de um bebê são determinantes para o seu desenvolvimento.


A primeira infância

As brincadeiras são fundamentais para o processo do desenvolvimento infantil pois o brincar não é simplesmente um passatempo, mas a forma da criança descobrir a si mesmo e conquistar o mundo à sua volta. A infância não é um momento “fácil”, muito pelo contrário! Este momento crucial na vida de todos é marcado por grandes sofrimentos. O aprendizado, a incorporação de regras, a descoberta de que o mundo não gira ao seu redor e a necessidade de adaptação ao mundo gera muita angústia. O brincar é o meio que a criança encontra para lidar com todas estas questões.

O brincar está presente desde quando o bebê ainda está dentro do útero materno, quando explora sensações de movimento e sons que é capaz de ouvir. Logo após o nascimento o bebê passa por uma fase em que não se distingue de sua mãe. Seu corpo unitário ainda não está formado mentalmente e portanto não existe para o bebê a distinção entre eu\outro. Nesta fase a mãe também precisa estar se sentindo “fundida” ao seu bebê para conseguir prover de maneira satisfatória o que ele necessita. Aos poucos o bebê percebe que não é onipotente e vai desenvolvendo a capacidade de sobreviver às mais variadas falhas do mundo externo (não ter o seio quando está com fome, não ter a coberta quando sente frio, acordar com ruídos, etc). Estas “falhas” são consideradas fundamentais para o desenvolvimento, pois a desilusão e a “falta” levam ao processo de humanização. A “falta” impulsiona o bebê a lidar de um modo diferente com o mundo, e é a base para a formação da comunicação e da expansão cultural na vida adulta.

O bebê começa aos poucos a interagir com o mundo à sua volta e a se comunicar com as pessoas. Primeiramente isto se dá através das expressões faciais, da brincadeira de atirar repetidamente objetos para fora do berço para depois serem devolvidos, da brincadeira de esconder o rosto, do brincar com os sons que são capazes de fazer com a boca, até chegar ao uso da linguagem oral.
No primeiro semestre de vida, o desenvolvimento do bebê tem como condição fundamental a presença constante de um adulto que sustente sua sobrevivência física, através da alimentação e cuidados, e também sua sobrevivência psíquica, através do afeto. Esse adulto deve atender às necessidades básicas do bebê e também oferecer seu rosto, seu colo e seu tom de voz a ele, de modo que ele possa vivenciar experiências de satisfação física e psíquica.

Nessa fase, o bebê ainda não desenvolveu a fala e mostra de diferentes formas que precisa de uma troca de fraldas, que está com cólicas, indisposto, com fome ou sono. O bebê, mais do que tudo, precisa de um adulto que reconheça, entenda e resolva suas necessidades. Nesse processo, o adulto vai aprendendo a decifrar os pedidos do bebê e dizendo para ele o que ele está sentindo e querendo. Esse ato de nomear para o bebê o que se passa com ele, vai constituindo um saber sobre o que achamos ser suas necessidades, levando-o a estabelecer uma demanda dirigida ao outro, o que é importante no desenvolvimento de todo ser humano.

Ao longo do segundo semestre de vida intensifica-se a busca do bebê por objetos do mundo que lhe despertam a curiosidade. Isso acontece principalmente através da estimulação externa, que vem dos adultos com os quais convive. Nesse momento, o bebê conquista as importantes habilidades de sentar, engatinhar e, posteriormente, andar. Cada uma destas aquisições possibilita que amplie sua percepção sensorial do mundo.

Nesse processo, novamente o adulto ajudará o bebê a entender as sensações que está experimentando. Essa ação do adulto de nomear para o bebê o que está acontecendo com ele e com o mundo a sua volta, acontece antes mesmo dele adquirir a habilidade de falar, inserindo-o aos poucos no mundo existente a sua volta.

Aos 2 anos, o bebê tem grande parte das habilidades motoras desenvolvidas. O mundo se torna diferente para alguém que pode se movimentar sozinho. Uma vez de pé o plano de visão muda e suas mãos se tornam livres para explorar objetos. É uma fase em que o bebê está sempre em movimento, pela necessidade de praticar e aperfeiçoar sua mais nova conquista. É também uma fase de experimentação e de grande curiosidade e é a partir da exploração dos objetos ao seu redor que ele apreende o significado das coisas. Está aprendendo a diferença dos objetos e suas combinações. Demonstra sinais de crescente independência, acompanhado por sentimento de maior segurança. Nesta fase, o desenvolvimento da força, do equilíbrio, da coordenação motora e da linguagem são aprimorados . O bebê apreendeu o significado da palavra “não” e começa a se opor às regras e aos limites.

A forma como o bebê irá se desenvolver está ligada não só as formas como os adultos se relacionam com ele, mas também à sua história familiar; quem são seus avós, seus pais, como ele foi concebido, se foi desejado ou não, como foi sua gestação, como foi seu parto, como foi recebido por sua família. Tudo isso faz parte da história desse bebê e não pode ser esquecido ou posto de lado.
Nos abrigos
Dentro dos abrigos, não há apenas um adulto cuidando de um bebê, mas sim muitos adultos cuidando de muitos bebês. O bebê que mora em um abrigo deve se adaptar rapidamente a esses muitos adultos e aos estímulos diferentes. Ele terá que se fazer entender por muitas pessoas em suas necessidades fisiológicas e afetivas.

Por esta razão, é importante que a equipe do abrigo possa oferecer um cuidado individualizado e organizar um plano de atndimento para cada criança atendida, criando um discurso único sobre cada bebê. A presença constante do adulto e uma rotina bem estabelecida são essenciais nesta fase.
No caso dos bebês com direitos violados, o cuidado com os laços afetivos que eles formam com os adultos por eles responsáveis torna-se ainda mais necessário, uma vez que eles sofreram, muito precocemente, situações de ruptura no convívio com seus familiares. É importante que a equipe do abrigo possa pensar este momento como uma forma de proteção essencial para o bebê ao invés de vitimizá-lo.

O trabalho com as histórias de vida dentro do abrigo é uma ferramenta que possibilita a criação de um espaço individual para cada criança dentro do coletivo que configura a situação de acolhimento. Neste sentido, é importante poder projetar o bebê como um adulto que um dia se pergunta de onde vem e para onde vai. Construir um álbum para ele com sua história de vida é uma forma de registrar sua história anterior à aquisição da linguagem, aquela que ele não lembrará se não houver pessoas ou registros que a contem.

Tudo aquilo que a equipe técnica sabe sobre sua história anterior ao abrigamento e tudo o que os educadores observam durante a passagem do bebê pelo abrigo se constitui como material precioso no fortalecimento dos vínculos que ele estabelecerá com seus novos adultos de referência ao deixar o abrigo. No caso de famílias adotantes ou substitutas, o álbum torna-se uma referência nos cuidados com o bebê e permite o conhecimento dessas etapas de sua vida! 

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Children see. Children Do.

Este vídeo é muito mobilizador, pois nos coloca diante da força do modelo na vida da criança.
Foi compartilhado ontem na FEAC em dos módulos de formação com a Maria Lúcia Gulassa e sua equipe, para os profissionais que trabalham no acolhimento institucional de crianças e adolescentes de Campinas.
Ouvimos uma frase, logo após a apresentação do vídeo, que veio complementar o silêncio ensurdecedor que já podíamos experimentar naquele momento...

"Aquilo que você faz grita tão alto que eu não consigo ouvir o que você diz..."