segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Manifesto pela Valorização da Maternidade


Manifesto do Grupo Cria pela valorização da maternidade.
Para ver mais e assinar o manifesto: www.grupocria.com.br


MANIFESTAMOS PELAS MÃES

Mãe que dá o melhor de si e convive com a crônica sensação de que nada
é o suficiente.

Mãe de carne, osso e vísceras que, ao se perceber humana, sente-se cada vez 
mais distante do ideal de devoção da Santa Mãezinha. E por isso se culpa.

Mãe que comprou o sabonete com óleos essenciais, o iogurte com fibras, o 
desinfetante  com cloro ativo, a fralda com bloquigel e mesmo assim seu filho
não  dormiu a noite inteira, seu marido se queixa e sua casa não é o templo
limpo, perfumado  e livre de insetos que aparece na TV.

Mãe mulher, dona de casa, profissional e amante, que segue passo a passo
as dicas  das  revistas femininas para conciliar seus inúmeros papéis e virar
“super”, mas ainda não encontrou  sua capa.

Mãe cuja única preparação para a mais dramática mudança da sua vida foi
o cursinho da maternidade e, se privilegiada, a decoração do quartinho e a
compra do enxoval.

Mãe que vive em uma sociedade que a glorifica, ao mesmo tempo em que
a obriga a terceirizar a criação dos seus filhos. Seja por necessidade,
independência ou reconhecimento. Como se, em qualquer um desses casos,
 essa não fosse uma decisão extremamente difícil.

Mãe que se divide diariamente entre a administração do lar e da profissão,
encarando múltiplas jornadas que a levam constantemente à exaustão física
e emocional.

Mãe que se dedica de corpo e alma ao significativo projeto de criar uma
criança, enfrentando um nível de cobrança superior ao de qualquer chefe
ranzinza e cliente exigente. 365 dias por ano, 24 horas por dia. E mesmo
assim é percebida como alguém que não faz nada. Até por si mesma.

Mãe pobre que, quando opta pelos filhos, é acomodada. Quando rica,
é madame. E, quando profissional, é ausente.

MANIFESTAMOS PELA MATERNIDADE

E, portanto, pela liberdade de sentir. De seguir os instintos. De viver em
plenitude emoções e sentimentos totalmente femininos. Pois negá-los,
seria abrir mão daquilo que faz da mulher, um ser único.

Manifestamos pelo direito de cada mulher escolher o papel que melhor lhe
 cabe no momento. Sem se sentir pressionada, desmerecida ou julgada
pelo que decidiu não ser.

Manifestamos por parir de forma saudável, humana e tranquila e que essa
seja uma decisão consciente da mãe. Amparada por uma equipe de
profissionais da saúde que a respeitam, orientam, acompanham e zelam
pelo bem estar dela e do bebê.

Manifestamos pelo direito de amamentar a cria, sem ser pressionada por
profissionais da saúde mal formados ou parentes bem intencionados,
a substituir por mamadeira, o alimento que só o seu peito pode dar.

Manifestamos pela aceitação da metamorfose e da mudança de valores
que a chegada de uma criança proporciona na vida de qualquer adulto.
E pela valorização desta transformação na sociedade, como contraponto
para a cultura do egoísmo e da juventude eterna.

MANIFESTAMOS PELO ATIVISMO ANÔNIMO E INCANSÁVEL 
DAS MÃES

Nas trincheiras domésticas de uma sociedade cada vez mais dominada
pelas leis cruéis do mercado.

E apoiamos as mães que questionam. Que boicotam.

Que compram e deixam de comprar. Que sabem o que servem à mesa
e o que jogam no lixo.

Que desligam a TV, controlam o videogame e a quantidade de açúcar.

Mães que tentam proteger a infância e não desistem diante do bombardeio
de mensagens que estimulam a erotização e o consumo precoces.

Mães que empreendem, que inventam, que abrem mão, que buscam
alternativas, que assumem o vazio e a sobrecarga. E promovem viradas.

Mães que brigam por uma escola melhor, mais humana e significativa;
pública ou privada.

Que pensam globalmente e agem localmente, casa a casa, família a família.

E que administram seus lares, como se ali começasse a mudança que
desejam para o planeta.

MANIFESTAMOS PELA TOMADA DE CONSCIÊNCIA FAMILIAR

Pela valorização do papel da mãe no seio da família e pelo fim das hipócritas
tentativas de minimizar a diferença que a presença dela faz.

Pelo reconhecimento da vital importância da maternidade para a humanidade,
e por ações
 sociais e políticas que valorizem e estimulem a atuação da mãe.

Por uma rede de relacionamentos que coloque novamente mulheres de
diferentes gerações em contato, reconstruindo referências que foram deturpadas
e estereotipadas pela mídia e pela sociedade.

Por mães unidas para estudar, compartilhar experiências e desenvolver novos
pontos de vista para este tema milenar, universal e ainda tão incompreendido.

Por uma nova formação familiar, focada no bem estar integral dos seres humanos
e não somente no bem estar material.

Por pais que valorizam a tomada de consciência materna, dando sua participação
necessária para que ela floresça. Mesmo sem entendê-la completamente.

Por mães que partilhem com seus parceiros as responsabilidades, agruras e
alegrias de se cuidar dos filhos, sendo entendido que eles pertecem aos dois,
igualmente.

Manifestamos pela ausência de fórmulas, de guias práticos e de respostas
prontas, pois cada mulher é livre para buscar seu caminho e desenvolver
sua história. No seu tempo, no seu ritmo e na sua individualidade.

Manifestamos pela conciliação de uma maternidade moderna com uma
maternidade mais plena.

Manifestamos por você e por nós. Pela Terra e por todos os filhos que
dela vieram e ainda virão.



sábado, 5 de fevereiro de 2011

SUS pode ser obrigado a oferecer atendimento psicológico para gestantes

O Sistema Único de Saúde poderá ser obrigado a oferecer atendimento psicólogico para as gestantes. Esse é o objetivo de dois projetos de lei que estão em análise na Câmara (PL 5981/09 e PL 6229/09).

O autor de uma das propostas, deputado Antônio Roberto, do PV mineiro, destaca que a maternidade é um momento de alegria, mas que vem acompanhado de muitos medos e ansiedades.

"Nesse momento sagrado, bonito da pessoa se tornar mãe, de dar um sim à vida, esse é um momento também de uma assistência emocional mais profunda. Quem já acompanhou alguma gestante ou alguém que é casado vê a transformação que ocorre do ponto de vista emocional, do ponto de vista psicológico. Esse projeto visa dar uma obrigatoriedade de um acompanhamento emocional para as pessoas que estão precisando."

Antônio Roberto avalia que o atendimento psicológico na gravidez pode até prevenir doenças na criança.

"É muito importante para a saúde dela e para a saúde do filho que vai nascer. Com isso a gente terá, a longo prazo, até uma economia na área de saúde, porque muitos problemas de saúde que ocorrem futuramente com a criança que nasceu sem assistência, a mãe sob um forte impacto emocional, muitos problemas tem a ver com esse período da gestação."

A outra proposta em tramitação é de autoria do deputado Carlos Alberto Leréia, do PSDB goiano, e estabelece que as mulheres devem passar por uma avaliação psicológica antes de deixar a maternidade. O objetivo será detectar e prevenir casos graves de depressão pós-parto.

As duas propostas serão analisadas em conjunto pelas Comissões de Seguridade Social e Família, Finanças e Tributação, e Constituição e Justiça. Se forem aprovadas e não houver recurso, seguem para o Senado.


*Fonte: Rádio Câmara (05/02/2011)